“A final do Euro 2016 não tem nada a ver com este jogo”

Fernando Santos fala do confronto deste domingo, em Paris, com a França, a contar para a Liga das Nações.

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Fernando Santos no último treino antes do embarque para Paris LUSA/DIOGO PINTO

Será um dos jogos de maior cartaz do futebol mundial da actualidade, o campeão do mundo contra o campeão da Europa, mas defrontar a França no Stade de France tem um significado especial para a selecção portuguesa e para Fernando Santos. Foi no estádio parisiense que, há quatro, Portugal desafiou as expectativas e ganhou o seu primeiro grande título de selecções, e foi no mesmo recinto que, há exactamente seis anos, Fernando Santos cumpriu o seu primeiro jogo na selecção nacional.

Mas nada disso entrará em campo neste domingo, num jogo a contar para a Liga das Nações. É um estádio que evoca memórias especiais e bons sentimentos, mas alerta o seleccionador nacional, nada disso está em jogo. “É o primeiro jogo em que me sentei no banco da selecção e a final é algo que estará sempre presente, mas não tem nada a ver com o que vai acontecer no domingo, é um jogo diferente, queremos fazer um bom jogo e vencer”, disse Fernando Santos neste sábado.

Fernando Santos também está a caminho de se tornar o seleccionador português com mais jogos (este será o 74.º), mas essa não é uma preocupação que tenha na cabeça: “Não ligo às estatísticas, não tenho essa tendência. Não ando à procura de mais ou menos jogos, ou mais ou menos vitórias. Procuro que as minhas equipas façam bem e cheguem longe.”

No dia em que chegou aos 66 anos, Fernando Santos projectou o jogo com a França como um confronto com “uma equipa poderosíssima” em que a selecção portuguesa terá de ser fiel aos seus princípios.

“Tenho a certeza de que vamos defrontar um adversário poderosíssimo, uma das maiores equipas do mundo, com jogadores muito fortes. Por isso é que é campeã do mundo, vamos tentar colocar em campo os nossos princípios”, referiu o seleccionador nacional, que espera uma melhor entrada em campo do que no jogo com a Espanha da última quarta-feira: “Temos de conseguir afirmar o nosso ADN no jogo e não passarmos as mesmas dificuldades. Houve coisas positivas e menos positivas que analisámos em conjunto.”

O que Portugal não pode fazer, diz o seleccionador nacional, é entrar em campo com demasiado respeito pelo campeão mundial. “A França deve ter perdido muito poucos jogos em casa nos últimos cinco, dez anos. Irmos a jogo a pensar que não podemos ganhar, isso não acontece. Para ganhar, temos de estar no topo e ter essa confiança. Humildade e subserviência não são coisas iguais.”

E algum desejo francês de vingança pela derrota em 2016 na final do Europeu? Nem por isso, diz Fernando Santos. “Não acredito. Jogadores deste nível que disputam grandes competições, se fossem viver de vingança... Se vão entrar em campo ansiosos? Não é por aí”, reforçou.

A semana de trabalho foi marcada por dois casos positivos de covid-19 - José Fonte e Anthony Lopes - e isso condicionou o programa da selecção, mas, depois do primeiro impacto, Fernando Santos garantiu que tudo ficou normalizado. “Há sempre um embate, mas é uma coisa que atravessa o mundo. Depois, as coisas voltam gradualmente ao normal, os jogadores não andam afastados uns dos outros, e todos os que viajam para França têm testes negativos - não é um teste de três em três semanas, é uma bateria de testes”, reforçou.

Fernando Santos teve ainda direito a uma pergunta meio bizarra sobre Cristiano Ronaldo, que “saiu lesionado da final em 2016”. “Como é que ele se sente antes do jogo”, foi a pergunta. Fernando Santos começou por murmurar, “Quatro anos depois?”, acrescentando depois um “acho que sabem bem como se sente”.

Depois, sobre a possibilidade de CR7 bater o recorde de golos internacionais de Ali Daei, Fernando Santos diz que o seu capitão estão tão motivado para isso como estava quando o conheceu, como um adolescente de 17 anos: “Já respondi a isso muitas vezes, o que me impressionou é que ele tinha essa vontade aos 17 anos, quando o conheci. Por certo que sairá pelo pé dele quando entender. Por enquanto, está bem e aconselha-se.”

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