Líderes europeus acordam sanções à Bielorrússia

Presidente bielorrusso não faz parte da lista de 40 nomes ligados à repressão na Bielorrússia. O objectivo da UE é que “as pessoas da Bielorrússia tenham o direito de decidir o seu próprio futuro”.

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OLIVIER HOSLET/EPA

Os chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE) chegaram esta quinta-feira a acordo sobre a aplicação de sanções aos repressores na Bielorrússia, após um processo negocial de quase nove horas para assegurar a cedência de Chipre.

“Concordámos hoje implementar as sanções que já tínhamos definido”, declarou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, falando aos jornalistas no final do primeiro dia desta cimeira extraordinária dedicada à Bielorrússia e à crise no Mediterrâneo oriental, em Bruxelas.

“É um importante e claro sinal de que somos credíveis, […] que será concluído amanhã [sexta-feira] através de um procedimento por escrito para implementar as sanções à Bielorrússia, numa lista com cerca de 40 nomes” de pessoas ligadas às acções de repressão, acrescentou Charles Michel.

O objectivo da UE é que “as pessoas da Bielorrússia tenham o direito de decidir o seu próprio futuro”, adiantou.

As presidenciais de 9 de Agosto na Bielorrússia deram a vitória a Alexander Lukashenko, no poder há 26 anos, o que é contestado pela oposição e não é reconhecido pela UE.

Questionado pela imprensa se Alexander Lukashenko está entre os cerca de 40 nomes que serão alvo de medidas restritivas (como limites à circulação ou ao acesso a bens), Charles Michel informou que o Presidente bielorrusso não faz parte da lista.

Sobre os prazos para aplicação das sanções, Charles Michel disse que, após a adopção formal esta quinta-feira, este é um “processo imediato”.

Também presente na conferência de imprensa, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, mostrou-se “muito satisfeita” com o acordo dos líderes europeus.

“Não haverá impunidade para com aqueles que são responsáveis pela repressão de protestantes e de opositores políticos”, vincou a líder do executivo comunitário.

Chipre bloqueou processo

Os chefes de Governo e de Estado da UE estiveram reunidos desde cerca das 16h (15h em Lisboa) de quinta-feira para tentar chegar a acordo sobre a aplicação de sanções aos repressores na Bielorrússia, num processo que estava a ser bloqueado por Chipre.

Embora concordasse com as sanções, o Chipre estava a bloquear a sua aplicação por exigir medidas semelhantes contra a Turquia, dada a crise do Mediterrâneo oriental.

Devido às reticências de Nicósia, a imposição de medidas restritivas à Bielorrússia foi dos primeiros assuntos discutidos pelos líderes europeus no arranque dos trabalhos e, por ser também dos mais controversos, acabou por passar para a hora de jantar, de acordo com várias fontes europeias.

Perto da meia-noite, Charles Michel interrompeu os trabalhos para alterar o texto em cima da mesa, com o qual Chipre não concordava.

Cerca de uma hora depois, o primeiro dia da cimeira foi oficialmente encerrado, já com a aprovação dos líderes europeus às sanções aos repressores bielorrussos.

Após a “luz verde” dada pelo Conselho da UE em Agosto passado, a lista de medidas restritivas relativamente à Bielorrússia tinha de ser formalmente aprovada por unanimidade para ficar em vigor.

Numa altura de tensão em Minsk, a imposição por parte da UE de sanções contra os repressores era vista como urgente, pelo que foi preciso convencer Nicósia a ceder.

Os bielorrussos têm protestado nas ruas, em manifestações reprimidas pelas autoridades, desde as presidenciais que estenderam o mandato de 26 anos de Alexander Lukashenko, atribuindo-lhe 80% dos votos. Svetlana Tikhanovskaya, a sua principal rival, obteve 10%.

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