Elizabeth Strout: uma dança ardilosa com o leitor

Elizabeth Strout é uma construtora de personagens. Tudo começa por elas e é a partir delas que constrói um colectivo marcado pela diferença de classe, de ambição, de origens. Em Olive Kitterigde faz isso de maneira exímia, traçando um retrato de uma certa América, enquanto imagina um leitor ideal.

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Andrea Sperling

A vida é uma emoção pela qual temos de passar. Terá sido mais ou menos isto que o poeta Philip Larkin disse a um amigo e a frase ecoou na cabeça de Elizabeth Strout. Encontrou nela o sentido da sua escrita. Não apenas no que aquelas palavras podem dizer em concreto, mas o modo como dizem, uma toada, uma respiração que confere ainda mais significado ao que Strout quer que seja a sua escrita: um modo de comunicar a experiência da emoção que é a vida; contar histórias que contenham essa ressonância, essa impressão ou pulsar de vida. Olive Kitteridge, o romance de 2008 protagonizado por numa mulher de mau feitio, habitante da cidade de Crosby, no Maine, foi a sua maior conquista na busca desse estremecimento vital. Valeu-lhe o Pulitzer em 2009 e vendeu mais de um milhão de exemplares. A personagem foi tão forte que voltou em 2019 no romance Olive, Again.

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