Ajudar alguém com dificuldade em atravessar uma passadeira, largar as suas próprias compras de supermercado para carregar as da senhora idosa que já não o consegue fazer sozinha, ir à farmácia pelos vizinhos em tempos de pandemia, ouvir a história de alguém que deixou o emprego para ser voluntário a tempo inteiro. É impossível não nos comovermos com qualquer um destes gestos e situações do quotidiano, apesar de serem apenas bons exemplos de cidadania que deviam ser tomados como exemplo.

A verdade é que os actos nobres estão em extinção. Um projecto público de sensibilização e educação para a cidadania que nasceu em 2013, a Nobre Casa de Cidadania pretende dar exemplos positivos de cidadãos que têm actos nobres, homenageando-os e dignificando-os através da “Atribuição do Título Cidadão Nobre.”

Mas afinal, o que podemos considerar como sendo um acto nobre? Para Rui Silva, mentor do projecto Nobre Casa de Cidadania define-se como “uma acção realizada em benefício de terceiros, ausente de qualquer interesse pessoal, reflectindo o carácter de quem a pratica ao demonstrar integridade, honra e humanidade”, esclarece, acrescentando que, ainda assim, “a definição de acto nobre é complexa e composta por um conjunto de outros conceitos” daí a entidade ter feito um “trabalho de reflexão” ao longo dos anos.

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Procuram-se “os nobres” da actualidade

Todos conhecemos uma história de alguém que teve um gesto bondoso, corajoso e digno; seja através do noticiário da noite, ou da padaria do bairro. Ao longo dos sete anos de existência do projecto Nobre Casa de Cidadania, já foram homenageadas 80 pessoas pelas suas histórias inspiradoras, e a instituição recebeu mais de uma centena de candidaturas. “Acreditamos na capacidade de educar pelo exemplo. Ou seja, se um determinado acto é homenageado é porque, de alguma forma, foi positivo e inspirador e isto pode motivar outras pessoas a fazerem o mesmo” explica Rui Silva.

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Este ano, as candidaturas decorrem entre 1 de Setembro e 31 de Outubro de 2020. A candidatura, que não pode ser feita pelo protagonista do acto, apenas por terceiros pode ser feita no site do projecto Nobre Casa de Cidadania, através do preenchimento de um formulário. Como é um projecto nacional, apenas serão válidas as propostas de residentes em Portugal.

A este projecto junta-se a Autoridade Nacional para a Protecção Civil, a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Corpo Nacional de Escutas, a Direcção Geral de Educação, a Direcção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, o Estado-Maior-General das Forças Armadas, a Faculdade de Teologia - Universidade Católica Portuguesa, GRACE, INEM, Liga dos Bombeiros Portugueses e a Polícia de Segurança Pública.

As propostas de homenagem são consideradas válidas se nelas forem identificados os três seguintes critérios, como salienta Rui Silva: “Altruísmo, que é a realização de uma acção em benefício de outrem, desprendimento, que é a realização de uma acção sem qualquer interesse pessoal, profissional ou familiar, carácter, que é a realização de uma acção que reflicta uma ou várias das seguintes características de personalidade e humanidade” que o mentor do projecto associa a valores como honestidade, integridade, lealdade, dignidade, justiça, honra, humildade, coragem, respeito ou compromisso cívico.

As melhores histórias de sempre

Além de ser um projecto de homenagens, a Nobre Casa de Cidadania existe também para incentivar mais actos de cidadania. ”Se promovemos histórias positivas, inspiradoras e que evidenciam actos nobres e de cidadania, também estamos a incentivar mais pessoas a fazê-lo. Todas as histórias que passaram até agora pela Nobre Casa de Cidadania tiveram o poder de marcar e estimular uma atitude mais positiva” conclui.

“O apoio aos cidadãos portadores de deficiência, a luta contra a escravatura infantil ou a mobilização pelas causas sociais são alguns dos movimentos que enaltecem o histórico da Nobre Casa de Cidadania” revela Rui Silva, recordando as histórias do passado que a casa eternizou.