Lar de Reguengos continua com falhas dois meses após as mortes

Vistoria conjunta da Segurança Social e saúde pública detectou 16 desconformidades. Lar tem lista de espera, mas não está autorizado a admitir mais idosos, por enquanto.

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LUSA/NUNO VEIGA

Uma equipa da Segurança Social vai voltar ao lar de idosos de Reguengos de Monsaraz já na próxima semana, depois de, numa vistoria conjunta com a Protecção Civil e a saúde pública feita em 24 de Agosto, ter concluído que não terão sido corrigidas várias falhas, algumas das quais tinham já sido apontadas na auditoria da Ordem dos Médicos e no relatório preliminar da autoridade saúde pública local realizados depois de um surto de covid-19 ter provocado a morte de 16 residentes, uma funcionária e uma pessoa da comunidade sem relação directa com a instituição.

Reagindo à notícia avançada nesta quinta-feira pela revista Sábado — que teve acesso ao relatório da vistoria conjunta —, João Silva, director de serviços administrativos e financeiros da Fundação Maria Inácio Vogado Perdigão Silva a que o lar pertence, explicou que estão questões serão esclarecidos num relatório que estará pronto “dentro de dias”, mas defendeu que "há aqui um alarmismo exagerado”, uma vez que esta vistoria foi efectuada no âmbito das visitas programadas aos lares de idosos por causa da pandemia. "Não tem nada que ver com o azar que tivemos”, garantiu ao PÚBLICO, adiantando que a autoridade de saúde pública vai voltar na segunda-feira à instituição para verificar se as “desconformidades” foram corrigidas. 

Agora com 68 residentes e cerca de 60 funcionários, o lar de idosos tem, aliás, lista de espera, há várias pessoas que manifestaram a intenção de entrar para a instituição, diz este responsável, sem especificar quantas, mas não está por enquanto autorizado pela Segurança Social a aprovar novas admissões .

Apesar de ter sido evacuado, desinfectado e sujeito a obraso lar de Reguengos de Monsaraz continua a não conseguir cumprir várias normas da Direcção-Geral da Saúde (DGS), segundo relatório da equipa que fez a vistoria e que é citado pela revista.

Os responsáveis pela vistoria identificaram 16 desconformidades e fizeram 15 recomendações, tudo para evitar a disseminação do vírus. Entre as falhas detectadas destaca-se o incumprimento “das medidas de protecção individual e colectiva pelos colaboradores e utentes”, e o facto de não haver “um modelo de gestão de equipas que minimize o contágio entre colaboradores” (nomeadamente horários desfasados).

Além da falta de zonas de isolamento, a equipa encontrou funcionários a circular junto de utentes sem trocarem de roupa, dois utentes no mesmo quarto em isolamento profiláctico, uma sala comum e um plano de contingência que não cumpre as orientações da DGS.

O PÚBLICO tentou obter uma reacção de José Calixto, presidente da Câmara de Reguengos de Monsaraz, que remeteu esclarecimentos para a fundação a que preside, por inerência. O Instituto da Segurança Social também não respondeu.

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