Disseram-me que depois dos 40 podemos aprender que sexo sem amor também é bom

Agora que experimentara sexo sem amor, queria conhecer outros corpos, queria ter mais experiências. Ver até que ponto o prazer podia estar mesmo isolado da emoção, comprovar que são coisas diferentes no seu corpo e na sua cabeça.

Foto
Ava Sol/Unsplash

Não tenho nenhuma história minha para vos contar. Seria tudo demasiado íntimo para as páginas de um jornal; não que fosse a primeira vez que o faço, mas desta vez não o vou fazer. O título já é bastante elucidativo, relembro que isto não é um diário e que estes contos não são maioritariamente autobiográficos. Trago-vos a história de uma amiga, a Claudia. Assim mesmo, sem acento.

A Claudia teve, até aos 40 anos, poucos parceiros sexuais. Só ia para a cama com alguém quando se apaixonava. Considerava que o sexo era algo demasiado íntimo para ser partilhado sem que houvesse uma ligação emocional. Pois bem, a Claudia, depois dos 40, considerou a possibilidade de estar errada, que aquilo que há muito ouvia dizer — sexo e amor são coisas diferentes e igualmente satisfatórias — talvez fosse verdade. Tinha de experimentar para perceber. Experimentar sempre foi uma palavra querida para a minha amiga Claudia, só nunca lhe tinha dado uso para experienciar uma sexualidade mais livre.

Pois bem, a minha amiga conheceu, então, o prazer sem amor. O sexo foi bom, mas era só aquilo. Sem expectativas ou ambições. Uma noite ou duas ou três apenas. Talvez repetissem, mas era só aquilo. Não queriam mais nada. Só sexo. Pormenores dessas noites não sei, a minha amiga é bastante reservada. O que sei é que a Claudia sabia que não ia ficar por ali. Agora que experimentara sexo sem amor, queria conhecer outros corpos, queria ter mais experiências. Ver até que ponto o prazer podia estar mesmo isolado da emoção, comprovar que são coisas diferentes no seu corpo e na sua cabeça.

A minha amiga quis, depois dos 40, ir contra àquilo que o seu feitio e as regras da educação lhe indicavam como certo. A sua mudança de comportamento operou altercações na sua personalidade. É certo e sabido que somos mesmo o que fazemos, não o que pensamos ou escrevemos ou apenas desejamos. É certo e sabido que a minha amiga não está mais feliz do que antes, mas sente-se livre. Sente-se livre. E isso é enorme.

Sugerir correcção