O PCP come velhinhos ao almoço

Fazer da realização da Festa do Avante! um drama nacional é desproporcionado e, vá lá, um bocadinho ridículo.

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António pedro santos/Lusa
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Depois das crianças ao pequeno-almoço, chegou a altura de denunciar que os comunistas passaram a um estádio superior de luta: comem velhinhos ao almoço. Pelo menos é o que parece do consenso nacional – a atentar no que se vai ouvindo nas televisões – que aproveitou a realização da Festa do Avante! para exorcizar uma espécie de “culpa nacional” pela propagação do vírus.

Percebe-se que o pavor que tomou conta da população portuguesa possa ter contribuído para uma parte do desejo de varrer o Avante! do mapa político nacional. Mas vejamos: esse pavor (que existe) não foi visto quando “milhares” de peregrinos (é a informação oficial) acorreram no dia 13 de Agosto ao Santuário de Fátima. Esse pavor também não tem sido visto nas praias. Ninguém dá pelo pavor nas feiras do Livro de Lisboa e Porto. Não é encontrado nos transportes públicos.

É preciso conhecer a Quinta da Atalaia para perceber a imensidão da propriedade onde o PCP organiza a sua festa – estamos a falar de 300 mil metros quadrados. É evidente que qualquer sítio pode ser transmissor do vírus mas isso é válido para todo o lado, rigorosamente, a partir do momento em que um cidadão põe o pé fora de casa, se a sua casa não estiver também infectada.

A verdade é que não vemos os críticos da Festa do Avante! a defender que se fechem as praias, se acabem com os espectáculos, os mercados, e muito provavelmente até acham bem (felizmente) que as escolas reabram em Setembro. Portanto, uma parte desta irritação com o Avante! só pode explicar-se com uma irritação – inconsciente ou consciente - com o PCP que de certeza come velhinhos ao almoço enquanto bebe umas cervejolas e ataca umas bifanas nas barracas da Festa.

Felizmente foi possível retomar as celebrações religiosas de Fátima. Felizmente está a ser possível retomar alguma vida normal, não descurando os cuidados a que a grande maioria das pessoas se habituou. Os portugueses têm demonstrado uma enorme capacidade de contenção e de respeito pelas regras para tentar travar o vírus. Os militantes do Partido Comunista são dos mais “disciplinados” dos portugueses. Fazer da realização da Festa do Avante! um drama nacional é desproporcionado e, vá lá, um bocadinho ridículo.

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