Juan Martín Díaz, uma das lendas do padel mundial e considerado por muitos um dos três melhores jogadores de sempre da modalidade, vai jogar com Diogo Rocha no Valência Open 2020, o quinto torneio do World Padel Tour 2020. Número 1 do ranking mundial durante 13 anos consecutivos ao lado de Fernando Belasteguín, o hispano-argentino faz par habitualmente com Lucas Campagnolo, mas uma lesão colocou o brasileiro fora do torneio valenciano e o escolhido por Juan Martín Díaz para substituir Campagnolo foi Diogo Rocha.

O anúncio das parelhas inscritas para o Valência Open 2020 foi feito nesta terça-feira e Juan Martín Díaz e Diogo Rocha surgem como a dupla n.º 8. Jogando ao lado de Díaz, que é canhoto, o jogador do Porto passará para o lado esquerdo do campo.

Filho de tenistas, Juan Martín Díaz nasceu em Mar del Plata, na Argentina, e começou a jogar padel com 14 anos. Sete anos mais tarde, mudou-se para Espanha, passando a representar a selecção espanhola – o pai nasceu na Galiza, motivo pelo qual Diaz é conhecido como “El Galleguito”.

Com um estilo de jogo espectacular, que se diferencia pela criatividade e reflexos, Díaz começou a construir o seu vasto palmarés aos 23 anos, quando se sagrou campeão do mundo ao lado de Raúl Arias.

A partir de 2001, juntou-se a Fernando Belasteguín, dando início à sociedade de maior suceddo da história do padel. Com “Bela”, que aos 41 anos continua a ser um dos melhores jogadores da actualidade, Díaz manteve-se no topo do ranking da modalidade durante 13 anos.

A dupla Belasteguín/Díaz esteve durante um ano e nove meses imbatível, marca que continua sem ser superada, e nesse período venceu 23 torneios consecutivos. Quando se separaram, em 2015, tinham repartido a liderança do ranking mundial durante 13 anos consecutivos, com um registo em finais que dificilmente será repetido: 171 vitórias em 190 jogos.

Após a ruptura com “Bela”, Díaz jogou com Juani Mieres, Maxi Sánchez, Cristian Gutiérrez e “Fede” Quiles, mas seria em 2018, com o espanhol Paquito Navarro, que voltou a ganhar protagonismo no World Padel Tour: 11 presenças nesse ano em meias-finais do circuito mundial.

A carreira de Díaz teve, no entanto, um revés em Maio de 2019, quando o padelista de Mar del Plata sofreu uma grave lesão que o obrigou a várias cirurgias, forçando a uma paragem superior a um ano.

Apesar da idade (completa 45 anos em Novembro), “El Galleguito” aproveitou o confinamento para recuperar totalmente e, este ano, surgiu nos courts do World Padel Tour ao lado de Campagnolo.  

Nos quatro primeiros torneio do ano, Díaz e Campagnolo chegaram por duas vezes aos quartos-de-final, conseguindo dar uma excelente réplica às duas melhores duplas do circuito: Paquito Navarro/Pablo Lima (Adeslas Open) e Alejandro Galán/Juan Lebrón (Estrella Damn Open).

Agora, com a lesão de Campagnolo, será Diogo Rocha que surgirá ao lado de Díaz em Valência, mas o jogador português admite que não acreditou quando viu uma mensagem no telemóvel do antigo número 1 mundial.

Curiosamente, Rocha jogou com Campagnolo o Open de Padel de Faro, prova do circuito nacional realizada no passado fim-de-semana, e, em declarações ao PÚBLICO, explica que o brasileiro “infelizmente sofreu uma lesão muscular no match point da final”.

Um dia depois, já de regresso ao Porto, Rocha tinha “uma chamada não atendida de um número espanhol que não conhecia e uma mensagem a dizer que era o Juan Martín”, perguntando “se podia jogar em Valência se o Campagnolo  não recuperasse”.

“Pensei que era uma brincadeira de algum amigo e nem respondi. Mais tarde, abri o número no whatsapp, vi a foto e percebi que era mesmo ele. Já era tarde, mas enviei um áudio a dizer que esperava que o Campagnolo recuperasse, mas que era claro que iria aproveitar a oportunidade de jogar com um dos melhores jogadores de sempre de padel”, conta Diogo Rocha.

Admitindo que vai “entrar nervoso” por estar ao lado “do jogador mais espectacular de sempre de padel”, o português lembra que ter que se adaptar a uma nova posição: “Não estou habituado a jogar à esquerda e isso vai ser um problema para mim, mas, curiosamente, o Juan Martín disse-me que se lembrava de jogar contra mim duas vezes e que nas duas em joguei à esquerda.”

Com uma semana para treinar “as pancadas típicas de esquerda e até a própria movimentação, que é diferente”, Diogo Rocha diz ao PÚBLICO que vai “tentar fazer o melhor possível” e desfrutar de “um momento único”. “Já disse a amigos que depois disto já me posso retirar.”