Biden aceita nomeação e promete ultrapassar “as trevas” da era Trump

Candidato do Partido Democrata à Casa Branca aceita a nomeação com um discurso de união, prometendo “esperança, luz e amor”.

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Joe Biden e Kamala Harris, candidatos a Presidente e vice-presidente dos EUA Reuters/KEVIN LAMARQUE
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Joe Biden e a mulher, Jill Biden Reuters/KEVIN LAMARQUE
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Apoiante de Joe Biden na Pensilvânia, onde o Presidente Trump fez campanha na quinta-feira Reuters/SHANNON STAPLETON
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A moderadora da noite foi a actriz Julia Louis-Dreyfus LUSA/DNCC
Fogos de artifício
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Joe Biden aceitou a nomeação em Wilmington, no estado do Delaware,Joe Biden aceitou a nomeação em Wilmington, no estado do Delaware Reuters/KEVIN LAMARQUE,Reuters/KEVIN LAMARQUE

O antigo vice-presidente dos Estados Unidos Joe Biden aceitou a nomeação do Partido Democrata para a Casa Branca na noite de quinta-feira, prometendo curar um país assolado por uma pandemia mortal e dividido por quatro anos de presidência de Donald Trump.

“O actual Presidente envolveu a América nas trevas por demasiado tempo. Há demasiada raiva. Demasiado medo. Demasiada divisão”, disse Biden. “Aqui e agora, dou-vos a minha palavra: se me confiarem a presidência, recorrerei ao melhor de nós, não ao pior.”

O discurso de Biden – o ponto alto de uma carreira de quase cinco décadas na política – foi pronunciado num pavilhão praticamente vazia na cidade onde reside, Wilmington, no estado do Delaware, na conclusão de uma convenção democrata realizada virtualmente por causa de uma pandemia que matou mais de 170 mil norte-americanos até agora.

Descrevendo o momento actual como um dos tempos mais difíceis que o país já enfrentou, Biden ofereceu-se como um unificador que trabalhará “com igual dedicação” para aqueles que não o apoiam – traçando um forte contraste com Donald Trump, que mantém o foco na sua base eleitoral.

“Embora eu seja um candidato do Partido Democrata, serei um Presidente americano”, disse Biden, que enfrentará Trump na eleição de 3 de Novembro.

“Este não é um momento partidário. É um momento americano. Um momento que clama por esperança, luz e amor.”

Os democratas usaram a convenção para destacar a ampla coligação que trabalha para derrubar Trump, misturando liberais e moderados, estadistas mais velhos e estrelas em ascensão – e até mesmo alguns republicanos conhecidos, que pediram aos seus companheiros conservadores que ponham o patriotismo acima do partido.

Apesar de o Partido Democrata ter exposto muitas áreas nas quais Biden seguirá políticas drasticamente diferentes das de Trump, incluindo na imigração, alterações climáticas e controlo das armas, grande parte de quinta-feira foi dedicada a temas como esperança e integridade.

O programa também salientou a experiência pessoal de Biden com a tragédia – a morte da sua primeira mulher e filha num acidente de viação e a morte do seu filho Beau, de cancro – para enfatizar a sua capacidade de sentir empatia pelos cidadãos que sofrem. Trump, cujos instintos são mais combativos do que reconfortantes, foi acusado de não oferecer consolo em tempos de crise.

Biden falou directamente para aqueles que perderam alguém na pandemia e fez uma avaliação fulminante da resposta de Trump à crise de saúde pública que dura há meses.

“O nosso actual Presidente falhou no seu dever mais básico para com a nação: falhou em proteger-nos”, disse Biden.

Trump respondeu no Twitter: “Em 47 anos, Joe não fez nenhuma das coisas sobre as quais fala agora. Ele nunca mudará, são só palavras!”

União de rivais

Na quinta-feira, vários democratas que concorreram com Biden pela nomeação, incluindo os senadores norte-americanos Bernie Sanders e Elizabeth Warren, e o multimilionário Michael Bloomberg, defenderam Joe Biden.

Bloomberg disse que Trump fracassou como empresário e como Presidente.

“Não vos peço que votem contra Donald Trump por ele ser um tipo mau. Peço-vos que votem contra ele porque ele fez um péssimo trabalho”, disse Bloomberg, antigo presidente da câmara de Nova Iorque.

“E deixem-me contar-vos um segredo. O plano económico de Donald Trump era fazer uma grande redução de impostos para pessoas como eu, que não precisavam disso. E depois mentir sobre isso a todas as outras pessoas”, disse.

Tal como fizeram ao longo da semana, os democratas concentraram-se na importância do voto durante uma pandemia. As afirmações repetidas e infundadas de Trump de que a votação por correspondência está minada por fraude, juntamente com os cortes no Serviço Postal dos EUA, alimentaram receios de que alguns eleitores possam ser privados do seu direito ao voto.

“Todas as eleições são importantes. Mas nós sabemos que esta é mais importante. Tal como muitos já disseram, a América está num ponto de inflexão, uma época de verdadeiro perigo, mas também de possibilidades extraordinárias”, disse Biden.

“Esta é uma eleição que pode mudar as nossas vidas. E vai determinar a forma como os Estados Unidos vão existir durante muito tempo. O carácter e a compaixão vão estar no boletim de voto. A decência, a ciência, a democracia – tudo isto vai estar no boletim de voto. Quem somos como nação, o que defendemos e, mais importante, quem queremos ser – estará tudo no boletim de voto”, continuou Biden.

O último dia da convenção do Partido Democrata teve alguns momentos de descompressão, proporcionados pela moderadora da noite, Julia Louis-Dreyfus, a actriz que interpretou uma vice-presidente dos EUA na série Veep.

“Joe Biden vai à igreja tantas vezes que nem sequer precisa de gás lacrimogéneo e de agentes federais para o ajudar a chegar lá”, disse Louis-Dreyfus, numa referência ao dia em que os manifestantes que protestavam na praça em frente à Casa Branca contra a violência policial e o racismo, a 1 de Junho, foram expulsos com violência para que o Presidente norte-americano fosse fotografado com um exemplar da Bíblia em frente à Igreja Episcopal de S. João, em Washington D.C.

Biden, de 77 anos, entra na campanha eleitoral a liderar as sondagens, à frente de Trump, de 74 anos, que aceitará a nomeação do Partido Republicano para um segundo mandato na Casa Branca na convenção da próxima semana.

Na quinta-feira, Trump fez campanha em Scranton, a cidade natal de Biden, no estado da Pensilvânia, quebrando com a tradição de ceder os holofotes aos adversários durante os seus processos de nomeação.

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