Pela primeira vez, Estados Unidos apresam petroleiros iranianos

Washington afirma que empresário ligado aos Guardas da Revolução organiza entregas de combustível através de empresas fantasma, para fugir às sanções económicas em vigor contra Caracas e e Teerão.

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Navio iraniano no Estreito de Ormuz Reuters/U.S. NAVY

As autoridades norte-americanas apresaram, pela primeira vez, quatro petroleiros iranianos que transportavam gasolina para a Venezuela, alegadamente em violação das sanções impostas pelos Estados Unidos a ambos os regimes. 

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As autoridades norte-americanas apresaram, pela primeira vez, quatro petroleiros iranianos que transportavam gasolina para a Venezuela, alegadamente em violação das sanções impostas pelos Estados Unidos a ambos os regimes. 

Os cargueiros Luna, Pandi, Bering e Bella foram apresados em alto-mar, há alguns dias, depois de uma autorização emitida por um juiz federal e estão agora em rota para Houston, no Texas (sul dos Estados Unidos), noticiou o The Wall Street Journal. 

Segundo o jornal, dois dos navios agora confiscados, o Bering e o Bella, navegavam por águas de Cabo Verde quando foi apresentada a denúncia, pedindo o apresamento. Por outro lado, o Luna e o Pandi teriam enviado o último sinal de rádio há um mês, a partir de águas de Omã.

Washington alega que um empresário iraniano, alegadamente membro dos Guardas da Revolução, a unidade militar de elite iraniana, considerada uma organização terrorista pelas autoridades norte-americanas, organizou entregas de combustível através de uma rede de empresas fantasmas para evitar que fossem descobertas e assim fugir às sanções em vigor, acrescenta o jornal norte-americano. Os navios terão sido tomados sem uso de força, disse uma fonte da Administração Trump.

O mesmo jornal diz que os quatro navios estão ligados a uma rede de empresas com base no porto do Pireu, na Grécia, que são propriedade, ou são geridas, por Giorgios Gialozoglou e o seu filho, Marios.

Estas exploram mais de uma dezena de petroleiros ou outros navios de transporte de combustível que, de acordo com os registos oficiais, realizaram recentemente transferências entre navios com lacunas nos dados de transporte, o que levantou suspeitas no Departamento de Tesouro norte-americano de que poderiam estar em causa tentativas de evasão às sanções internacionais.

No ano passado, os Estados Unidos tentaram, em vão, capturar o Grace 1, um navio-tanque iraniano capturado em Gibraltar, que Washington acusou de ser utilizado para traficar petróleo e outros bens pelos Guardas da Revolução.

O pedido não foi aceite por Gibraltar e o navio seguiu viagem, com a oposição dos Estados Unidos. Na semana passada, um juiz federal em Washington considerou que os procuradores federais que investigaram o caso reuniram provas suficientes de que o Grace 1 era um activo de uma organização terrorista.

A medida contra os quatro petroleiros iranianos é a última de uma série de acções dos Estados Unidos para pressionar Teerão e Caracas, na sequência de sanções económicas impostas por Washington.

A pressão norte-americana, a nível diplomático e junto de empresas públicas e privadas do sector, tem levado à diminuição das exportações de energia para o Irão e a Venezuela.

No entanto, diz o The Wall Street Journal, os líderes dos dois países mantêm os planos para mais entregas de combustível, apesar de as acções da Administração Trump terem levado a uma diminuição das exportações de crude nos últimos dois anos, que passaram da exportação de 2,5 milhões de barris por dia para 70 mil, segundo os números de Abril.

No final de Maio, a Venezuela recebeu cinco navios com 245 milhões de litros de combustível enviados pelo Irão, numa acção de “solidariedade e valentia”, nas palavras do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Entretanto, Washington aplicou sanções aos capitães dos navios Clavel, Petunia, Fortuna, Bosque e Faxon, que transportaram esse combustível.