Vinhos do Alentejo iniciam a atribuição de certificados de produção sustentável

A CVRA estima que a certificação possa aumentar as vendas deste produto em 5% a 10%. Estes valores estão relacionados com o facto de 85% dos portugueses revelar que “a importância que as empresas atribuem às causas ambientais influencia a decisão de compra”

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Andreia Patriarca

A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) irá iniciar a atribuição de certificados de produção sustentável, um selo inédito no sector. Para ser atribuído aos produtores é necessário que estes cumpram alguns critérios entre os quais a protecção de solos, água e rega, diminuição da produção de resíduos ou monitorização da fertilização.

Segundo a comissão, esta distinção pode ter inúmeras vantagens. “Para além do benefício ambiental, a atribuição destes selos traz outras vantagens aos produtores que apostem numa viticultura mais sustentável”.

A CVRA estima que a certificação possa aumentar as vendas deste produto em 5% a 10%. Estes valores estão relacionados com o facto de 85% dos portugueses revelar que “a importância que as empresas atribuem às causas ambientais influencia a sua decisão de compra”. Para além deste factor, os planos de monitorização de água e luz permitem que haja uma redução de custos em cerca de 20% e de 30%, respectivamente.

É assim que, no 5º aniversário da criação do Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA), surge a certificação. O PSVA é pioneiro no país e conta com 422 membros associados representando, assim, mais de 40% da área vinícola da região alentejana.

João Barroso, coordenador do PSVA, explica que as culturas mais sustentáveis ao nível ambiental só têm a ganhar. “Produções vitivinícolas mais sustentáveis do ponto de vista ambiental, através da redução do uso de pesticidas, do gasto de água e electricidade ou da protecção da biodiversidade são, sem dúvida, produções também elas mais viáveis economicamente, uma vez que tornam todo o processo, desde a uva até à garrafa, mais eficaz e eficiente”.

No campo da boa gestão de solos, o PSVA promove a utilização de organismos auxiliares, a preservação dos ecossistemas, conservação e restauro das linhas de água, ou recurso ao modo de produção integrada e produção biológica. A eficiência energética e o uso racional de água e a redução de produção de resíduos, são a prioridade na adega.  

Existe um incentivo para que se opte pela reciclagem e desmaterialização de processos e a utilização de produtos mais sustentáveis, como rolhas, barricas e outros tipos de materiais de florestas certificadas.

Em nota, Francisco Mateus, presidente da direcção da CVRA, afirma que tem havido uma maior sensibilização e actuação por parte dos produtores alentejanos “em relação à gestão de água, eficiência energética e à importância da conservação da biodiversidade” dizendo ainda que com esta certificação irá ser possível “dar o salto para uma produção ainda mais amiga do ambiente e que, sendo pioneira, destaca o espírito de inovação do Alentejo no mercado interno mas, também, internacionalmente”.

Recentemente, o PSVA foi distinguido com o título de Embaixador Europeu de Inovação Rural pelo projecto LIAISON, uma Parceria Europeia de Inovação para a Produtividade Agrícola e Sustentabilidade lançada em 2012, pela Comissão Europeia, que promove os melhores projectos europeus ao nível da inovação na agricultura e silvicultura em áreas rurais.

Texto editado por Ana Fernandes

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