Urgência metropolitana de oftalmologia de Lisboa já não fecha à noite

O fecho da urgência tinha sido posto em causa pela Ordem dos Médicos.

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Rui Gaudencio

Afinal, a Urgência Metropolitana de Lisboa (UML) de Oftalmologia vai continuar a ser assegurada à noite com a presença física de médicos, garantiu esta terça-feira o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN, que integra o hospital de Santa Maria). O fecho da urgência metropolitana, que dá resposta também a doentes provenientes das regiões do Alentejo e do Algarve, foi posto em causa pela Ordem dos Médicos e o colégio da especialidade de oftalmologia, que consideraram “inadmissível” deixaram todo o sul do país sem especilistas em presença física durante o período entre as 20h e as 8h. A medida da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) foi igualmente criticada pelo Sindicato Independente dos Médicos. 

O encerramento da urgência durante o período nocturno devia ter entrado em vigor na segunda-feira mas na prática o CHULN manteve o modelo presencial, uma vez que "a especialista que estava escalada de prevenção na última noite” acabou por permanecer em presença no Hospital de Santa Maria durante todo o período”, explicou o centro hospitalar em comunicado.

O encerramento nocturno foi revertido porque “o modelo de reorganização da UML-Oftalmologia, apesar de científica e clinicamente válido, não reúne ainda o necessário consenso alargado”. Por isso, “o CHULN decidiu, em articulação com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, manter o modelo anterior, garantindo uma escala de urgência em presença física”, medida que conta com “o esforço dos profissionais do Serviço de Oftalmologia e acautela um período de discussão mais alargado, ao mesmo tempo que permite tranquilizar os utentes nesta fase de pandemia”, acrescentou.

Na informação enviada pela ARSLVT aos hospitais sobre a medida especificava-se que, “durante o período das 20h às 8h não haverá atendimento de doentes externos”. Estes serão “observados no dia seguinte nos hospitais da sua área ou, caso isso não seja possível”, enviados “durante o período diurno para o CHULN [Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, que integra o Santa Maria) e para o CHULC [Centro Hospitalar de Lisboa Central, que integra o S. José]”.

No período das 20h às 8h, “haverá um oftalmologista de prevenção em cada pólo que responderá a situações de doentes politraumatizados ou doentes internados que necessitem de atendimento oftalmológico emergente, assim como as situações de glaucoma agudo”. “Todos os restantes doentes” poderão “ser diferidos para o dia seguinte, com excepção dos casos de glaucoma agudo” e esses casos “deverão ser comunicados telefonicamente ao médico de prevenção do CHULC ou CHULN que decidirá a melhor forma de actuação”, acrescentava.

A ARSLVT argumentava que a nova organização “resulta da proposta conjunta do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central” e que o novo modelo permite, “de acordo com os especialistas dos centros hospitalares que asseguram a UML [Urgência Metropolitana de Lisboa] de Oftalmologia, garantir a segurança necessária e o cumprimento das normas recomendadas pelo colégio da especialidade de Oftalmologia da Ordem dos Médicos”.

Considerando o fecho da urgência à noite “inadmissível”, o presidente do colégio da especialidade de Oftalmologia da Ordem dos Médicos, Augusto Magalhães, explicou ao PÚBLICO que o novo modelo não observa as recomendações da Ordem, que definem que as equipas tipo, para os serviços com volume diário médio superior a 20 doentes, devem ser constituídas por dois médicos especialistas em presença física contínua e que, no caso dos serviços que asseguram as urgências metropolitanas (Porto, Coimbra e Lisboa), os serviços devem ter um terceiro elemento em regime de prevenção.

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