Museu de Lisboa mostra como quatro fotojornalistas viram a quarentena

São quatro interpretações diferentes de uma cidade parada em estado de emergência. As fotografias de Tiago Miranda, Pedro Nunes, Luís Miguel Sousa e José Fernandes vão estar no Museu de Lisboa até 20 de Setembro.

Foto
DR/Tiago Miranda

Olhares de quatro fotojornalistas sobre Lisboa durante a quarentena devido à pandemia, com profundas mudanças no quotidiano e como palco de silêncio, estarão reunidos em exposição, a partir de 23 de Julho, no Museu de Lisboa.

A exposição Lisboa Ainda, comissariada por Rita Palla Aragão, contém os projectos fotográficos dos fotojornalistas Tiago Miranda, Pedro Nunes, Luís Miguel Sousa e José Fernandes.

No Pavilhão Preto do Museu de Lisboa — Palácio Pimenta, vão ser apresentados os “quatro olhares sobre uma Lisboa em quarentena, de quem conseguiu, através da objectiva, captar a essência e a beleza de uma cidade confinada”, segundo a comissária, citada num comunicado divulgado pelo museu.

O trabalho final resulta de “uma dimensão retirada do objectivo inicial dos quatro fotojornalistas, que era o de informar o público”, aponta. Tiago Miranda, Pedro Nunes, Luís Miguel Sousa e José Fernandes foram captando as alterações profundas na cidade, algumas de pesar e de sofrimento, directamente relacionadas com a pandemia.

“Fotografar a cidade parada, sem o aeroporto a funcionar, as escolas encerradas, mas também teatros e cinemas, cafés e esplanadas, restaurantes e bares, sem concertos e bailados, lojas e quiosques, floristas e vendedores ambulantes, mercados e feiras. Com a cidade parada, sem o movimento dos seus habitantes, desapareceram os pequenos gestos de cada um, que fazem o dia-a-dia de todos”, comenta a comissária, sobre o período mais crítico do confinamento, durante o estado de emergência.

O título da mostra — Lisboa Ainda – foi retirado do poema criado pelo escritor Manuel Alegre durante o período da quarentena.

Pedro Nunes fotografou a cidade na primeira manhã da primeira segunda-feira da primeira semana da quarentena. Luís Miguel Sousa voltou aos lugares que antes havia fotografado repletos de turistas para, com o mesmo enquadramento, captar o contraste, “e assim mostrar o quão volátil é, afinal, a realidade”, aponta a comissária. Tiago Miranda conduziu por Lisboa, e fotografou-a pela janela do carro, como se a cidade fosse “um não-lugar”, e José Fernandes "desenhou a escuridão com luz”.

A fechar a exposição com os quatro núcleos haverá uma sala dedicada ao poema que Manuel Alegre escreveu sobre a cidade durante a quarentena, e ainda excertos de poemas de Manuela de Freitas, Maria Teresa Horta e Sophia de Mello Breyner Andresen. A exposição vai estar patente no Museu de Lisboa até 20 de Setembro.

Sugerir correcção