Exame “apropriado” mas “extenso”, dizem sociedades de Física e Química

Sociedades Portuguesas de Física e Química avaliam o exame de ontem e revelam as duas perguntas com maior grau de dificuldade.

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O exame de Física e Química A é o segundo com mais inscritos este ano Daniel Rocha

Embora com níveis de satisfação diferentes, tanto a Sociedade Portuguesa de Química (SPQ) como a Sociedade Portuguesa de Física (SPF) dão o seu aval ao exame de Física e Química A do 11.ºano realizado nesta quinta-feira. Estavam inscritos 42.269 alunos, compareceram 38.484. Este ano é a segunda prova com mais inscritos. A primeira é a de Biologia e Geologia, também do 11.º ano, que se realizará no próximo dia 17.

“O exame pareceu-me apropriado para a situação em que decorreu parte do ano lectivo (em confinamento) pois focava-se predominantemente nas matérias que já teriam sido leccionadas à data do confinamento e, nas restantes, o nível é bastante acessível para quem efectuou estudo autónomo”, destaca o secretário-geral da SPQ, Adelino Galvão, num comentário enviado PÚBLICO.

Já a SPF, num parecer publicado na sua página electrónica, considera que “a extensão da prova não é adequada, sendo demasiado extensa, dado existirem itens com grau de complexidade elevado e /ou muito trabalhosos”. Apesar desta ressalva, a SFP admite que “a extensão da prova não se revelou demasiado problemática dado que, atendendo à situação pandémica, existiram itens opcionais, o que constituiu uma novidade relativamente a provas de anos anteriores”.

No caso do exame desta quinta-feira, foram propostos 26 itens no total dos quais oito, com uma cotação de 10 pontos cada, contribuem obrigatoriamente para a classificação final da prova. No conjunto valem 80 pontos em 200. Dos restantes 18 itens, que também valem 10 pontos cada, só serão seleccionados para a nota final os 12 cujas respostas obtenham melhor pontuação.

Adelino Galvão refere que esta grelha de cotações reflecte também a” preocupação” com a situação em que decorreu este ano lectivo a partir de Março, uma vez que “as perguntas que serão selectivas não foram sobrevalorizadas”. “Na minha opinião, na componente química, a pergunta selectiva e de maior grau de dificuldade tendo em atenção a idade e maturidade dos alunos é o item 5.2 do grupo IV”, acrescenta.

Este item faz parte dos oito cuja pontuação contará obrigatoriamente para a nota final dos alunos. Para a SPF é uma das duas perguntas do exame que apresentam “complexidade elevada”. A outra é a 3.2.2 do grupo I. “Considera-se que a maior parte dos alunos de 11.º ano não têm maturidade suficiente para, a partir das instruções dadas, chegarem ao gráfico” que é pedido, frisa a SPF.

Do conjunto dos 26 itens propostos, a Sociedade Portuguesa de Física entende que 16 são “muito acessíveis”. Quatro destes fazem parte do lote dos oito que contam obrigatoriamente para a nota.

“As duas componentes da disciplina (Física e Química) têm uma ponderação igual na cotação da prova (100/130 pontos cada). E a distribuição da cotação por anos e por componentes (Física e Química) pode considerar-se equilibrada”, escreve a SPF.

Adelino Galvão, da SPQ, dá conta de que, na generalidade, gostou “da abordagem com que o enunciado foi elaborado pois para além da avaliação objectiva de conhecimentos, também se preocupou em testar competências (análise de gráficos, criação de mapas conceptuais para a resolução de problemas, etc.) e, embora sem impacto [obrigatório] na classificação final, com as atitudes, pois foram buscar temas relacionados com os desafios societais (alterações climáticas)”. “A prova tem itens bem contextualizados e, no caso da componente de Química, actuais e pertinentes”, refere também a SPF.

Entre os alunos com quem o PÚBLICO falou, a apreciação esteve longe de ser unânime. Para uns, “correu bem”, para outros “era muito difícil” e até “mais difícil do que nos anos anteriores”.

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