Não há “descontrolo” em Lisboa e Vale do Tejo, garante a ministra da Saúde

Em entrevista à RTP3, a ministra da Saúde admitiu sobressalto com a situação, mas garante que “não se pode falar em descontrolo”.

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LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

A ministra da Saúde, Marta Temido, caracterizou esta quarta-feira à noite, em entrevista à RTP3, a evolução da pandemia na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) como “uma situação de sobressalto que não nos deixa estar tranquilos”.

No entanto, “não se pode falar em descontrolo”. “Aquilo que nos inspira maior preocupação é estarmos com um planalto persistente, com dificuldade em quebrar cadeias de transmissão e com algumas questões ainda por responder relativamente às circunstâncias que justificam esta situação” na região, onde há neste momento 7761 casos activos, explicou a ministra.

Marta Temido deu conta dos dados mais recentes do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge sobre o Rt (rácio de transmissibilidade) que, entre 24 e 28 de Junho, estava em 0,99 no país e com o mesmo valor em LVT. O Rt era de 1,05 no Norte e de 0,92 no Alentejo, no mesmo período.

Sobre os surtos em bairros, a ministra da Saúde referiu que a “aprendizagem que as autoridades de saúde estão a fazer”, nomeadamente no rastreio de contactos, inquéritos epidemiológicos e resultados laboratoriais “mais rápidos”, é “fundamental para combater outros fenómenos de idêntica natureza”.

Marta Temido referiu ainda que há 363 médicos de saúde pública no Serviço Nacional de Saúde, o que é “claramente pouco”. Além disso, a “idade média é 59 anos, é uma força de trabalho envelhecida”. A ministra considera que este é um “problema que não é de hoje, é uma especialidade que tradicionalmente não era atractiva”. A governante referiu também que “os cuidados de saúde primários e a saúde pública têm uma base de sustentação mais forte na região Norte do que na região de Lisboa e Vale do Tejo”.

Quanto às críticas que têm surgido, incluindo de Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, Marta Temido defende que, ao longo dos últimos quatro meses, os diversos responsáveis políticos “têm sido objecto de muita atenção, muito escrutínio e de muitos reparos”. Ainda assim, “aquilo que está a ser eventualmente suscitado é que precisamos de maior eficiência e nisso estamos todos de acordo”, afirmou. “Não podemos dizer que as chefias do nosso país na área da saúde pública, que nos ajudaram a chegar até aqui, são incompetentes”, conclui a ministra da Saúde.

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