Netanyahu não desiste de anexar a Cisjordânia e diz que vai discuti-lo com os EUA

A data para revelar os plano de anexação de uma grande área da Cisjordânia, 1 de Julho, foi ultrapassada e o primeiro-ministro israelita limitou-se a dizer que a vai continuar a discutir com a Administração Trump.

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Netanyhau discursa junto ao colonato de Har Homa, na Cisjordância (foto de Arquivo) Reuters

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, prometeu revelar o seu plano para a anexação da Cisjordânia esta quarta-feira, mas, chegado o dia, limitou-se a dizer que vai continuar a discuti-lo com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para receber luz verde.

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O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, prometeu revelar o seu plano para a anexação da Cisjordânia esta quarta-feira, mas, chegado o dia, limitou-se a dizer que vai continuar a discuti-lo com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para receber luz verde.

Já se tinha percebido esta terça-feira que a data de 1 de Julho, apresentada quase como “sagrada” para se começar a anexação, ia ser ultrapassada, porque este plano não convinha a Washington. “Vai continuar a haver discussões adicionais nos próximos dias”, disse Netanyahu, sem dar mais pormenores.

“A coordenação com o Governo americano não é algo que possa ser dispensada”, afirmou pouco antes à rádio do Exército o ministro do Trabalho, Assuntos Sociais e Serviços Sociais israelita, Ofir Akunis, Mas, garantiu este último, espera que o processo de anexação comece no final deste mês. 

Netanyahu fez da anexação de colonatos israelitas na Cisjordânia e no Vale de Jordão, considerados ilegais pelas Nações Unidas, uma das suas principais promessas eleitorais, mas sofreu um duro revés no início desta semana quando Benny Gantz, ministro da Defesa e seu parceiro de coligação, ter dito que a prioridade do país é combater a covid-19, dando a entender que o plano de anexação pode esperar.

Gantz chegou inclusive a dizer que a data de 1 de Julho não era “sagrada”, elogiando de seguida o plano de paz apresentado por Trump e com a autoria do seu genro, Jared Kushner, visto pelos palestinianos como a destruição de qualquer hipótese de criação de um Estado palestiniano viável. 

O acordo de coligação governativa entre Netanyahu e Gantz estipula que a anexação pode começar a 1 de Julho desde que haja o acordo dos Estados Unidos. Washington ainda não terá dado luz verde definitiva e as palavras de Gantz, o próximo primeiro-ministro no esquema rotativo do executivo de coligação, não foram bem acolhidas por Netanyahu, argumentando, numa reunião à porta fechada com membros do seu partido, o Likud, que o assunto “não dependia” de Gantz e do partido Azul e Branco, seu parceiro de coligação. 

As declarações do líder do partido Azul e Branco foram mais uma dor de cabeça para Netanyahu, dada a crescente pressão internacional para que recue no plano de anexação. Se o fizer, será uma dura derrota e, se avançar, isola-se ainda mais no palco internacional, dependendo ainda mais dos Estados Unidos como aliado, o seu principal. 

“A anexação de territórios palestinianos, independentemente do perímetro, vão prejudicar seriamente os parâmetros para se resolver o conflito israelo-palestiniano”, disse esta quarta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian. “A decisão de anexação não pode ser deixada sem consequências e estamos a analisar diferentes opções a nível nacional e em coordenação com os nossos principais parceiros europeus”.