Medina responde a pedido de cerca para Lisboa: “Salvador Malheiro estava com saudades de ir à televisão”

O líder do PSD, Rui Rio, já criticou as palavras do presidente da Câmara de Lisboa. Em causa está o desafio lançado pelo autarca de Ovar, que defendeu a criação de uma cerca sanitária na Área Metropolitana de Lisboa para conter a propagação do vírus.

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Fernando Medina diz que cerca sanitária não seria solução para Lisboa rita rodrigues

O aumento do número de casos de covid-19 na Área Metropolitana de Lisboa levou o Governo a decretar a partir desta terça-feira restrições mais apertadas para a região. No entanto, a hipótese de avançar para uma cerca sanitária, à semelhança do que aconteceu em Ovar, foi afastada pelo primeiro-ministro. Ainda horas antes da reunião entre António Costa, o autarca de Ovar, Salvador Malheiro, tinha desafiado o Governo a adoptar a mesma solução aplicada a Ovar, para controlar o surto: “Não esperem mais. Ou só há coragem para Ovar?”, lê-se na sua página de Facebook. Em resposta ao autarca do PSD, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, desvalorizou a sugestão e deixou uma provocação: “Salvador Malheiro estava com saudades de ir à televisão”.

Para o socialista Fernando Medina, a cerca sanitária não é uma opção para a Área Metropolitana de Lisboa e acusa o autarca de Ovar de revelar um profundo desconhecimento da região lisboeta. “Ele não faz ideia do que é Lisboa, que basta uma freguesia de Sintra para ser maior do que Ovar”, declarou Fernando Medina, em entrevista à TVI.

“As pessoas circulam livremente no país, sem fronteiras. Em Portugal, a circulação é totalmente livre. É normal que existam pessoas infectadas que vão em lazer para outros sítios, de fim-de-semana”, continuou.

Além disso, Fernando Medina destaca que o país está agora numa fase diferente daquela que atravessava no início do surto e que, por isso, é “mais difícil” gerir. “Esta fase da pandemia é a mais difícil de ser gerida, a mensagem aqui é muito mais difícil porque por um lado tem de se dizer que é preciso abrir a economia, mas, quando se desconfina tudo, isto é muito mais ambíguo”, reconheceu Fernando Medina.

O autarca socialista reconheceu ainda que houve falhas no controlo dos surtos associados às empresas. "Durante estas semanas, a estratégia que houve foi de desenvolver um conjunto massivo de testes. Era suposto que, passado este período, o número de novos casos tivesse diminuído e isso não aconteceu. Não houve um declínio de novos casos porque não houve um controlo dessas cadeias”, explicou.

"Não pedi a Champions em Lisboa"

Sobre a escolha de Lisboa para a realização da final da Liga dos Campeões, Fernando Medina garantiu que não pediu que o evento fosse realizado na cidade. Ainda assim, declarou o seu apoio à realização. "Valorizo o facto de haver uma transmissão da imagem de Portugal e de Lisboa para o futuro”, declarou. Todos os jogos a partir dos quartos-de-final, com as eliminatórias de um jogo, serão em Lisboa, na Luz e em Alvalade, entre 12 e 23 de Agosto. Os jogos que restam dos oitavos-de-final serão a 7 e 8 de Agosto e podem ser nos estádios das equipas que jogam em casa, ou, em alternativa, no Porto e em Guimarães, mas a decisão ainda não foi tomada.

Apesar de ainda não existir também uma decisão sobre se haverá ou não espectadores, o autarca socialista espera que não existam “nem estádios cheios, nem adeptos por Lisboa”. “A minha expectativa é que estejam cá as equipas, os técnicos, o staff”, disse o presidente da Câmara de Lisboa.

Além das multas que passarão a ser aplicadas na região de Lisboa para quem participar em ajuntamentos além do permitido, o autarca defende também a criação de um quadro sancionatório para quem organiza.

Rio diz que Medina esteve “particularmente infeliz"

Poucas horas depois da entrevista de Fernando Medina à TVI, o líder do PSD reagiu às palavras do autarca de Lisboa sobre Salvador Malheiro e considerou o momento “particularmente infeliz”. No Twitter, Rui Rio saiu em defesa do autarca social-democrata de Ovar e afirmou que Fernando Medina esteve muito mal na resposta. “Todos temos momentos menos felizes e hoje o presidente da Câmara de Lisboa esteve particularmente infeliz”, escreveu.

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