Ajuda financeira vai chegar nos próximos dias a 193 atletas olímpicos

Houve mais de duas centenas de pedidos de apoio urgente, devido à pandemia de covid-19. World Athletics e fundação internacional juntaram-se para criar fundo de emergência.

Foto
Reuters/MATTHEW CHILDS

Não fosse a pandemia de covid-19 e estaríamos sensivelmente a um mês do arranque dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Foi para essa data que apontaram milhares de atletas de todo o mundo e as respectivas equipas técnicas, entretanto obrigadas a recalcular todo o algoritmo da preparação. O choque foi de tal ordem que muitos ficaram pura e simplesmente sem apoios e tiveram de lançar um grito de ajuda. O universo do atletismo está a atender como pode ao pedido e já anunciou que, a partir do final da semana, disponibilizará ajuda financeira a 193 desportistas.

São casos como os de muitos outros cidadãos que, do dia para a noite, ficaram privados de uma parte significativa (ou mesmo da totalidade) dos rendimentos. A única diferença é que estamos a falar de atletas de elite, dos melhores dos melhores, que, sem uma rede de segurança neste momento, provavelmente não teriam condições de materializarem, em 2021, a presença olímpica que meritoriamente alcançaram nos últimos meses.

“Sabemos que esta é uma situação angustiante para muitos atletas e estamos a tentar dar assistência ao maior número possível, tão depressa quanto possível, para que possam continuar a treinar-se para a época competitiva e para os próximos Jogos Olímpicos”, explica Sebastian Coe, presidente da Associação Internacional de Federações de Atletismo (World Athletics), organismo que, juntamente com a Fundação Internacional de Atletismo (IAF), está a liderar esta operação de apoio.

Na prática, cada um dos 193 atletas contemplados (dos 261 que cumpriam os requisitos de candidatura) vai receber um valor único de 3000 dólares (cerca de 2700 euros), sendo que neste bolo estão representados desportistas de 58 federações-membro. Quando este movimento de assistência foi criado, no final de Abril, a verba reunida aproximava-se dos 450 mil euros, uma quantia que entretanto chegou aos 537 mil.

A paragem completa das provas desde o início de Março revelou-se dramática para muitos atletas, que dependem fortemente do prize-money de cada competição para sobreviverem. Com o grande volume de pedidos de ajuda, Sebastian Coe assume que a definição dos critérios de elegibilidade foi um desafio complicado, dada a necessidade de dar prioridade àqueles que atravessam uma situação de maior urgência.

“A IAF alocou uma verba substancial a este fundo e esperamos arrecadar mais dinheiro através de donativos privados, mas tornou-se evidente que os recursos devem concentrar-se nos atletas que têm maior probabilidade de competir nos Jogos Olímpicos de Tóquio e que estão hoje com dificuldades em custear as necessidades básicas devido à perda de rendimentos”, acrescentou o líder da World Athletics e também porta-voz do grupo de trabalho constituído para lidar com este problema.

Nesse sentido, ficou estabelecido que só poderiam candidatar-se ao fundo de emergência os atletas com marcas olímpicas para Tóquio, que fossem capazes de fazer prova das necessidades financeiras actuais e que não tivessem nenhum incidente com doping no currículo. Fora deste leque estavam, porém, os atletas classificados no top-6 do ranking mundial de cada especialidade e aqueles que embolsaram mais de 6000 dólares em prémios decorrentes da Liga de Diamante de 2019. 

Os nomes dos 193 escolhidos não foram revelados, ao contrário dos nomes dos dinamizadores da iniciativa, a começar pelo mentor, o marroquino Hicham El Guerrouj. O antigo campeão olímpico dos 5000m e 1500m (distância na qual ainda detém o recorde mundial), em Atenas 2004, também abriu os cordões à bolsa com uma doação pessoal.

“O meu agradecimento a todos os membros do grupo de trabalho pelos contributos que têm dado e que tornaram possível financiarmos rapidamente os que mais precisam. E uma palavra especial para o Hicham, pela ideia inicial e pela generosa contribuição”, concluiu Sebastian Coe.

Sugerir correcção