Graça Fonseca apela ao consumo de cultura e agradece a quem reabre salas

Na reabertura do Cinema Nimas, em Lisboa, ministra da Cultura remeteu novos apoios para o sector para o orçamento suplementar e para verbas da União Europeia.

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Graça Fonseca com o produtor Paulo Branco na reabertura do Cinema Medeia Nimas JOÃO RELVAS/LUSA

A ministra da Cultura, Graça Fonseca, fez nesta segunda-feira um apelo ao consumo de cultura, no dia em que reabrem salas de espectáculos, teatro e cinema, e não quis comentar os protestos e manifestações de agentes culturais marcados para esta semana.

“O meu apelo é [para que] voltem às salas de cinema, às salas de teatro; a cultura é isso, a cultura é vida”, disse Graça Fonseca aos jornalistas, no final de uma conferência de imprensa, à qual assistiu, convidada pelo produtor e exibidor Paulo Branco por causa da reabertura do Cinema Nimas, em Lisboa.

Fortemente criticada nos últimos dias por estruturas e sindicatos representativos do sector cultural, que pedem apoios do Governo, Graça Fonseca, questionada pelos jornalistas, disse que só falaria de cinema: “Hoje vou falar sobre cinema. É o dia em que finalmente em Portugal reabrem as salas, provavelmente nunca na história recente do cinema as salas fecharam durante dois meses.”

Sobre a possibilidade de mais apoios financeiros para a cultura, Graça Fonseca remeteu para o orçamento suplementar, ainda em discussão, e para verbas que Portugal receberá no contexto da União Europeia. “A batalha será sempre que a cultura tenha um apoio expressivo nestes dois momentos”, afirmou.

De acordo com o “plano de desconfinamento” traçado pelo Governo, no que toca à cultura, reabrem nesta segunda-feira as salas de espectáculos, cinemas, teatros municipais, mas, na realidade, nem todos os espaços têm programação para este nem para os próximos dias. É o caso do Cinema Nimas, uma das escassas salas de exibição em Lisboa fora dos centros comerciais, que só reabrirá portas a 10 de Junho, porque falta afinar algumas medidas de segurança, nomeadamente a colocação da bilheteira virada para a rua. Haverá distanciamento de segurança entre espectadores, desinfectantes e oferta de máscara a quem entrar sem ela. Numa sala com 220 lugares, Paulo Branco disse que poderá acolher cerca de uma centena de pessoas.

Na apresentação à imprensa, nesta segunda-feira, o produtor e exibidor recordou ainda que o cinema reabrirá “sem pipocas e sem publicidade”, com bilhetes a variarem entre os quatro e os oito euros e com dois filmes emblemáticos a 10 de Junho. São eles Non, ou a Vã Glória de Mandar (1990), de Manoel de Oliveira, um filme sobre “os portugueses”, e 2001: Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick, “que interroga para onde vamos”.

Durante o mês de Junho, está ainda previsto um novo ciclo dedicado a Luis Buñuel, duas sessões especiais de homenagem a Michel Piccoli e o programa Roman Porno, com filmes de uma das mais antigas produtoras japonesas, Nikkatsu.

Sobre a paragem forçada de actividade desde Março, Paulo Branco disse que teve cerca de 20 mil euros em despesas directas sobre o espaço e quatro trabalhadores em regime de layoff. Questionado sobre a presença da ministra da Cultura e da vereadora da Cultura da Câmara de Lisboa, Catarina Vaz Pinto, na conferência de imprensa, o exibidor disse que ambas foram convidadas porque representam entidades que apoiam a exibição independente de cinema.

No final, aos jornalistas, Paulo Branco defendeu “um verdadeiro projecto de apoio à cultura”. “Espero que o primeiro-ministro tenha a decência de não voltar a falar a palavra cultura antes de resolver isto. (...) O que se passa no sector cultural é grave, mas não passa simplesmente por A, B ou C; passa por um processo que se arrasta” desde os governos do antigo primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva, opinou.

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