Hong Kong protesta contra lei de segurança nacional imposta por Pequim

“Os actos violentos e terroristas continuam a aumentar e as forças estrangeiras interferiram profunda e ilegalmente nos assuntos de Hong Kong”, referiu Wang Yi, ministro chinês.

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Polícia detém um manifestante em Hong Kong LUSA/JEROME FAVRE
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Repressão da manifestação LUSA/JEROME FAVRE
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Parte da manifestação Reuters/TYRONE SIU

A polícia de Hong Kong usou gás lacrimogéneo e canhões de água para dispersar milhares de manifestantes que saíram à rua neste domingo, apesar das restrições de concentrações, para protestar contra a nova lei através da qual Pequim pretende impor directamente leis de segurança nacional na cidade, pondo em causa a autonomia da região. 

“É imperativo que a lei de segurança nacional de Hong Kong entre em vigor sem demora”, dizia o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, numa entrevista colectiva, em Pequim, à margem da sessão anual do Congresso Nacional Popular chinês, que se iniciou na sexta-feira, relata a Lusa. Enquanto o ministro falava, havia milhares de activistas pró-democracia em choque com a polícia nas ruas da ex-colónia britânica, a gritar palavras de ordem como “independência para Hong Kong é a única saída”, segundo a Reuters. 

Apelos à independência são um crime para o Partido Comunista Chinês – é uma linha vermelha que não pode ser cruzada. Mas os manifestantes de Hong Kong cruzaram-na várias vezes nos protestos do ano passado. A nova lei de segurança nacional proíbe todos os actos secessionistas, interferência externa e terrorismo na região administrativa especial. Expressa a intenção de Pequim de “prevenir, travar e punir” todos os actos nesse sentido.

“Os actos violentos e terroristas continuam a aumentar e as forças estrangeiras interferiram profunda e ilegalmente nos assuntos de Hong Kong”, referiu o ministro Wang Yi, considerando tratar-se de “uma séria ameaça à prosperidade, a longo prazo”, daquele território.

A lei de segurança nacional foi apresentada, na sexta-feira, no parlamento de Pequim. Para o movimento pró-democracia, trata-se de “um sério revés para as liberdades da região autónoma da China”. Para o activista Joshua Wong, uma figura do movimento de desobediência civil em 2014, a mensagem enviada pela China não deixa margem para dúvidas: “Pequim está a tentar silenciar as vozes dos críticos de Hong Kong com força e medo”, escreveu na rede social Twitter.

Estas manifestações surgem do temor pelo futuro da fórmula “um país, dois sistemas”, acordada pela China com o Reino Unido. O sistema garante liberdades a Hong Kong que não existem na China, incluindo imprensa e sistema judicial livre –​ mas os cidadãos da ex-colónia britânica vêem esse sistema cada vez mais em risco.

A manifestação deste domingo foi a maior desde que foram levantadas as restrições à circulação por causa da covid-19, mas quando estão em vigor, até Junho, outras limitações, devido ao aniversário do levantamento de estudantes universitários na Praça de Tiananmen, em Pequim, em 1989. O levantamento transformou-se num massacre a 4 de Junho, quando o regime mandou avançar os tanques e disparar contra os estudantes. Todos os anos realiza-se em Hong Kong uma grande vigília em memória destes activistas pela democracia, muito maior do que qualquer evocação daquele momento que se realize na China.

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