Mais de 400 enfermeiros em isolamento mas sem teste à covid-19

A Ordem dos Enfermeiros avança que várias centenas de enfermeiros assintomáticos não foram testados – apesar de terem tido contacto com doentes de covid-19 –, apelando a que a norma da Direcção-Geral da Saúde seja alterada.

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Enfermeiros assintomáticos poderão estar a trabalhar infectados rui gaudencio

São 464 os enfermeiros que, segundo um inquérito feito pela Ordem, não foram testados à covid-19, apesar de terem tido contacto com doentes infectados e de estarem em casa, em vigilância activa. Este valor corresponde, diz a Ordem dos Enfermeiros (OE) num comunicado enviado esta terça-feira, a 74% do total de enfermeiros que tiveram exposição de alto risco com doentes infectados.

Apesar da constatação da Ordem, a norma vigente neste momento é a de não testar profissionais de saúde assintomáticos – que é o caso destes enfermeiros. E é este detalhe que motiva a indignação da organização dos enfermeiros que, à semelhança da dos médicos, questiona a norma de não testar os profissionais de saúde que não tenham sintomas.

Segundo o decreto 013/2020, os profissionais de saúde com exposição de alto risco devem ser colocados em vigilância activa durante 14 dias, mas apenas se tiverem sintomas é que serão tratados como “caso suspeito” – sendo, nessa fase, sujeitos a um teste à covid-19.

Ainda de acordo com o comunicado da OE, responderam a este inquérito mais de 25 mil enfermeiros desde 7 de Abril. “Pelo menos 751 enfermeiros foram infectados e 189 curados. No entanto, além dos profissionais em vigilância activa, há actualmente 2721 em vigilância passiva, na sequência de contactos indirectos, dos quais 2332 em exercício de funções sem a realização de teste.”

Com base no elevado número de enfermeiros assintomáticos sem direito a testagem, Luís Barreira, vice-presidente da OE, avança que “é necessário alterar a orientação da testagem aos profissionais de saúde, sobretudo nesta fase de retoma assistencial das unidades de Saúde”. E acrescenta, no comunicado: “Corremos o risco de ter enfermeiros infectados, mas sem sintomas a prestar cuidados de saúde.”

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