Ana Gomes pondera candidatura à Presidência da República

A ex-eurodeputada, que sempre disse que não se candidataria, mudou de ideias depois de António Costa, ainda que indirectamente, ter apoiado uma recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa.

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rui gaudencio

A socialista Ana Gomes admitiu na noite deste domingo estar a reflectir sobre uma candidatura à Presidência da República, depois de António Costa ter, ainda que indirectamente, apoiado uma eventual recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa. “Estou a reflectir”, afirmou na noite deste domingo na SIC Notícias. Segundo o PÚBLICO apurou, neste momento a vontade de Ana Gomes avançar é maior do que não o fazer.

A ex-eurodeputada sempre disse que não se candidataria, mas mudou de ideias depois de António Costa ter lançado a recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa. Sempre disse também que nunca avançaria com um candidatura que dividisse o PS, mas o facto de achar que uma candidatura de Marcelo começar a surgir com uma candidatura de regime, o que entende como favorecendo uma candidatura da extrema-direita, como a de André Ventura, fez fazê-la começar a pensar sobre a importância de haver um candidatura da esquerda democrática no terreno. Por outro lado tem sido muito pressionada por figuras de muito destaque no PS a avançar. Ana Gomes sempre defendeu que o PS devia ter um candidato próprio. Ora, quando António Costa praticamente apoia Marcelo, a ex-eurodeputada apresenta-se como candidata socialista, ainda que possa não ter o apoio directo do PS.

“Os que disserem que Costa tinha arrumado uma candidatura de Ana Gomes estiveram sempre enganados. A declaração de Costa só a desarrumou”, disse ao PÚBLICO um destacado socialista.

“Nunca se viu o relançamento de uma recandidatura de um Presidente da República ser feito numa fábrica de automóveis por alguém que não estava na qualidade de dirigente partidário, mas na qualidade de primeiro-ministro e num contexto em que o Presidente da República tinha acabado de se ingerir numa bastante criticável agenda de assuntos do Governo”, começou por afirmar Ana Gomes.

“Isto mudou muita coisa”, acrescentou. Nomeadamente a sua negação de avançar com uma candidatura a Belém. “Isto é grave e faz-nos reflectir. Um candidato do regime, que, no fundo, é o que é hoje Marcelo Rebelo de Sousa, vai polarizar a sociedade e isso vai facilitar a vida à extrema-direita organizada, não só cá mas internacionalmente”, salientou.

Por isso, “isto é tão grave”, que Ana Gomes, que sempre disse que não era candidata, está agora a reflectir sobre a sua posição. “Haver um candidato do regime, que faz o jogo da extrema-direita, é muito perigoso para a democracia e, portanto, todos temos de reflectir e eu também”, acrescentou.

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