Apoio municipal de 1,6 milhões tenta salvar Incrível Almadense e outras associações do encerramento

Colectividade emblemática de Almada já tem dificuldade em pagar renda das instalações. Município aprovou apoio ao movimento associativo.

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nfs nuno ferreira santos

A Câmara Municipal de Almada aprovou nesta quinta-feira, em reunião do executivo, a criação de um fundo de emergência para apoio ao movimento associativo almadense, depois de várias colectividades se terem queixado de “asfixia” financeira provada pela pandemia de covid-19.

O fundo agora aprovado, no valor de 1,6 milhões de euros, destina-se a tentar evitar o encerramento das associações locais, que ficaram sem receitas, devido à suspensão da actividade cultural desde meados de Março. Segunda a câmara, este fundo passa pela manutenção de todos os contratos, protocolos e apoios, de âmbito cultural, desportivo e familiar, no valor de 800 mil euros. Além disso, está a decorrer “a 1.ª fase de candidaturas aos apoios no âmbito do Regulamento Municipal ao Movimento Associativo que totalizam, até ao final de 2020, 600 mil euros, ao qual acrescem os 200 mil euros, previstos como medida complementar.”

Entre as colectividades em dificuldades financeiras está a Sociedade Filarmónica Incrível Almadense (SFIA), com 172 anos de história, que se queixa de “asfixia”.

“No caso da Incrível Almadense, a asfixia financeira tem já a mão no puxador da porta, pronta a fechá-la”, refere a direcção da SFIA, em comunicado recente, onde informa que a colectividade “sobrevive, e mal”, das prestações mensais dos seus concessionários, dos alugueres eventuais e intermitentes dos seus outros espaços e pouco mais pois a quotização e as mensalidades das actividades que são pagas “não têm peso significativo no orçamento mensal”.

Segundo o mesmo documento, a Incrível tem uma renda mensal de 1300 euros, que o senhorio “não perdoa e nem sequer responde às missivas” pelo que a direcção, presidida por Mara Martins, diz não saber como fazer face a esta e outras despesas, que somam o valor mensal de 4.300 euros, “não tendo qualquer receita”.

“Não sabemos como nem por quanto tempo conseguiremos sobreviver”, conclui a nota da SFIA que, ainda assim, tentou dar a mão a diversas outras colectividades de Almada, que são concessionárias dos seus espaços, aceitando a suspensão das prestações mensais dos seus contratos de cessão de exploração, a partir de 15 de Março.

A moratória concedida pela Incrível permite aos concessionários não pagarem prestações enquanto estiverem obrigatoriamente fechados, possibilitando que estes valores sejam pagos depois e faseadamente após reabertura. “Gostaríamos de dar uma maior ajuda, mas não podemos dar o que não temos, a nossa condição financeira não nos permite tal”, refere ainda o comunicado.

O principal concessionário da SFIA é a Alma Danada, uma associação cultural alojada no espaço do antigo cinema e que também explora o bar.Clara Correia, presidente desta colectividade disse nesta quinta-feira ao PÚBLICO que a Alma Danada também corre o risco de ter de encerrar e que lançou uma petição pública, pelo apoio ao movimento associativo, que tinha recolhido, até agora, 2760 assinaturas. “Está a ser um drama para todo o movimento associativo”, refere Clara Correia. A dirigente diz ficar a aguardar “com grande expectativa” mais informação sobre o fundo municipal de apoio.

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