Covid-19: alastramento da doença em São Tomé tem proporções “assustadoras”, diz Presidente

O país, que necessita urgentemente de um laboratório para perceber a dimensão da covid-19, enviou 312 testes para o Gana e 161 tiveram resultado positivo. “Estávamos longe de imaginar que o nível de contaminação fosse tão elevado. O quadro é muito sombrio.”

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Evaristo Carvalho NUNO VEIGA/Lusa

O Presidente de São Tomé e Príncipe, Evaristo Carvalho, disse nesta quarta-feira que o alastramento da pandemia provocada pelo coronavírus país está a ganhar proporções “simplesmente assustadoras" no país.

“Sabíamos que havia casos de contaminação no seio da população, na altura com um óbito oficial, e que alguns quadros de saúde tinham sido afectados ao Hospital Dr. Ayres de Menezes, mas estávamos longe de imaginar que o nível de contaminação fosse tão elevado”, disse Evaristo Carvalho.

O chefe de Estado convocou uma reunião dos órgãos de soberania, o segundo em cinco dias, e convidou os representantes em São Tomé e Príncipe das Nações Unidas e da Organização Mundial da Saúde (OMS) para analisarem a situação “muito preocupante” da doença no país.

Referindo-se aos resultados de 161 casos comprovados com base nos testes feitos num laboratório do Gana — já que o país não os pode fazer por não ter meios técnicos —, Evaristo Carvalho considerou que “o quadro é muito sombrio” e “deveras preocupante”.

“É caso para perguntar quantos casos positivos teriam sido encontrados se tivéssemos testado mil ou dois mil casos em vez de 312 enviados ao laboratório no Gana”, disse o Presidente do país que foi foi um dos últimos do continente a serem atingidos.

“A situação alterou-se profundamente, claro que não me refiro à realidade em si, mas à nossa apreensão da mesma”, lamentou o Presidente são-tomense, que fez “um veemente apelo” à comunidade internacional com vista a criar condições para a instalação de um laboratório no país.

Evaristo Carvalho quer “assegurar que os testes diagnósticos” sejam realizados em São Tomé e Príncipe, de “forma contínua”, uma vez que a solução encontrada de “envio de testes para o estrangeiro não parece ser a mais indicada”.

“Igualmente preocupa-me a questão dos ventiladores, bem como a assistência técnica para o seu adequado funcionamento e formação de quadro nacionais para a sua utilização”, acrescentou.

O número de mortes provocadas pela covid-19 em África subiu hoje para 1959, com mais de 49 mil casos da doença registados em 53 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia no continente divulgadas pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças.

Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, a Guiné-Bissau lidera em número de infecções (475 casos e dois mortos), seguindo-se a Guiné Equatorial (439 e quatro mortos), Cabo Verde (191 e duas mortes), São Tomé e Príncipe (187 casos e quatro mortos), Moçambique (81), e Angola (36 infectados e dois mortos).

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 257 mil mortos e infectou quase 3,7 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.

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