Covid-19. Mais 34 mortos em Portugal. Há 444 novos casos de infecção

Conseguimos ter “uma curva da doença controlada”, diz Graça Freitas. Mas deixa o alerta: embora controlados, os números não “pendem para zero”. O número de pessoas dadas como curadas aumentou: são agora 1228, mais 27 do que ontem.

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LUSA/MÁRIO CRUZ

Até esta sexta-feira, contavam-se em Portugal 854​ mortos de covid-19 — mais 34 do que na quinta-feira, o equivalente a uma taxa de crescimento de 4,1%. Estes dados foram divulgados esta sexta-feira no boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde.

Desde o início do surto já se identificaram 22.797​​ casos positivos. Desses, 444 foram identificados nas últimas 24 horas, o que corresponde a um aumento de 1,9% face aos números de quinta-feira. O número de pessoas dadas como curadas também aumentou: são agora 1228, mais 27 do que na quinta-feira​.

Sabe-se ainda que estão 1068​ pessoas internadas, 188​ delas em unidades de cuidados intensivos. Em conferência de imprensa, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, destacou ainda que 86,2% dos casos confirmados em Portugal estão em tratamento domiciliário. Os casos em internamento representam 4,7% — 0,8% em unidades de cuidados intensivos e 3,9% em enfermaria.

Lacerda Sales referiu que, desde o dia 1 de Março, foram já realizados 317 mil testes de diagnóstico à covid-19 em Portugal. Na última terça-feira, foram recolhidas 14.769 amostras — foi o dia em que foram realizados mais testes —, das quais apenas 7,6% tiveram resultado positivo, o que significa que “o aumento de testagem não tem reflectido um aumento proporcional de casos positivos, o que é um factor positivo”. “Estamos a realizar cerca de 31 mil testes por milhão de habitantes, o que nos parece significativo”, afirmou o secretário de Estado da Saúde.

Questionado especificamente sobre se Portugal tem capacidade para testar utentes e funcionários de lares, António Lacerda Sales considera que Portugal “é dos países que mais está a testar. Estamos a testar mais do que a Itália, Alemanha, Áustria e, portanto, acho que a nossa capacidade de testagem é muito reforçada e diria que, tendo ela tendência para vir a ser mais reforçada, teremos capacidade para testar” em lares, referiu.

Região Norte soma maior número de infecções e mortos

A região Norte continua a ser a mais afectada pela pandemia em Portugal: regista neste momento 13.707 infectados e 491 mortos.​ A segunda região mais afectada é a de Lisboa e Vale do Tejo, com 5277 casos confirmados e 160 vítimas.

No extremo oposto, as regiões menos afectadas são os Açores, o Alentejo e a Madeira. Nos Açores, contam-se 109 casos de infecção e oito mortos, no Alentejo são 183 casos de infecção e um morto e na Madeira são 85 casos de infecção, sem mortos.

Olhando para a informação disponível por concelhos, verifica-se que o concelho de Lisboa é o mais afectado, com 1271 casos confirmados de infecção. Segue-se Vila Nova de Gaia com 1163 casos e o Porto com 1103. A informação sobre os concelhos corresponde a 81% dos casos confirmados e notificados através do sistema Sinave, informa a DGS.

Dos 854 mortos, pelo menos 748 tinham mais de 70 anos. A taxa de letalidade da doença é superior entre os mais velhos. Na conferência de imprensa desta sexta-feira, o secretário de Estado da Saúde informou que que a taxa de letalidade global em Portugal é, neste momento, de 3,7%, mas sobe para 13,5% acima dos 70 anos.

“Em Portugal conseguimos ter uma curva da doença controlada”

“Em Portugal conseguimos ter uma curva da doença controlada”, afirmou a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, no encontro com os jornalistas. Porém, Graça Freitas alertou que, embora controlados, os níveis não “pendem para zero”.

A directora-geral da Saúde sublinhou ainda que o sistema de saúde em Portugal “tem tido capacidade para dar resposta aos cidadãos que precisam”. “Isto acontece porque houve um movimento de prevenção que diminuiu a transmissão do vírus e isso conseguiu-se com milhões de pessoas que adquiriram uma nova forma de estar na vida e não podemos perder esse capital”, acrescentou, salientando a importância de manter o distanciamento social.

“Quando retomarmos as nossas actividades e a nossa vida temos de o fazer de forma diferente e mantendo muitas regras. Podemos continuar a conviver dentro dos nossos núcleos familiares e de amigos, mas mantendo o distanciamento social, a higiene e etiqueta respiratória”, disse, admitindo a possibilidade de “utilização de um método de barreira quando se justificar”. “Temos que adquirir uma nova forma de viver quando não estivermos já em estado de emergência”, concluiu Graça Freitas.

Uma task force para estudar uso de plasma humano

Questionada sobre a possibilidade de realização de testes serológicos, a directora-geral da Saúde destacou que esta hipótese “está a ser estudada e avaliada em todo o mundo”, mas afirmou que “as notícias não são muito animadoras”. Graça Freitas referiu um estudo realizado “numa população com grande exposição à doença”, cujos resultados revelaram que “14% dessa população tinha anticorpos”. No entanto, salientou que “não se sabe se esses anticorpos são suficientes para dar protecção e se essa protecção é duradoura”.

“Vamos ter que ter muita cautela na interpretação destes testes. Não quer dizer que não os façamos. O Instituto Ricardo Jorge tem programado um estudo-piloto para ver como é o comportamento serológico nalgumas populações e há outros estudos internacionais que nos ajudam a perceber esta questão da serologia. Mas não vamos pensar que isto é resposta a todos os nossos anseios, é apenas mais uma pista da ciência para perceber o grau de imunidade da população”, concluiu.

Graça Freitas revelou ainda que “foi constituída uma task force nacional por várias entidades, incluindo o Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST), que tem como objectivo participar num ensaio clínico alargado para perceber se a utilização de plasma humano de indivíduos que tiveram a doença é, de facto, eficaz e seguro para tratar indivíduos infectados”.

Em todo o mundo há quase mais de 2,7 milhões de casos positivos de infecção, de acordo com os dados da Universidade Johns Hopkins (EUA). Já morreram mais de 190.872 pessoas, mas 742.855 pessoas já conseguiram recuperar da doença desde o início do surto. 

A Europa é um dos continentes mais afectados. De acordo com os dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC), o “velho continente” tem 1.130.393 de casos. Espanha é o país europeu que reporta mais casos positivos, seguida de Itália, Alemanha, Reino Unido e França.

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