João Duarte Freitas – médico e cidadão

A poucos dias de se celebrar o 25 de Abril, no dia 18 deste mês, triste e cinzento, faleceu o homem bom, culto e corajoso, dermatologista de invulgar competência e cidadão de conduta exemplar, que passou a vida a fazer amigos e a esbanjar talento.

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João Duarte Freitas

Ainda jovem, cooperou no Comércio do Funchal e combateu a ditadura. Foi a vingança fascista que lhe interrompeu o curso de medicina e o enviou como alferes para a pior zona de Moçambique, Cabo Delgado, durante a guerra colonial.

Homem de grande coragem e dignidade nunca referia a cruz de guerra que foi obrigado a aceitar, numa guerra contra a qual se manifestou antes, durante e depois, pela palavra escrita e oral, com riscos que precocemente assumiu e represálias que sofreu.

Como estudante, participou nos movimentos cívicos contra a ditadura, colaborou nos mais relevantes movimentos culturais da Universidade de Coimbra, foi actor e membro do Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC), de que viria a ser presidente da Direcção. A cultura, a intervenção cívica, a participação associativa e o exercício da medicina pautaram a sua vida intensa e breve.

Foi presidente do Ateneu de Coimbra e de numerosas associações, e a sua biografia não cabe nesta dolorosa homenagem que lhe prestam os amigos da tertúlia diária, que apresentam comovidos pêsames à jornalista do PÚBLICO, Andrea Freitas, sua filha mais velha, à viúva, Sofia, e aos filhos de ambos, Gaspar e Simão, juntando as suas lágrimas.

Assinava excelentes textos de intervenção cívica em revistas médicas e no blogue Ponte Europa sob o pseudónimo “e-pá”, com modéstia e desprendimento invulgares.

Até sempre, João! Quando reabrir o Bossa Nova há-de amargar-nos o café onde nunca mais poderemos contar com a tua presença. Até sempre!

Adelina Castro
Augusto José Monteiro
Carlos Esperança
Fernando Martinho
Gabriela Monteiro
Luís Reis Torgal
Nelson S. Morais
Maria João Reis Torgal
José Vitória
Rogério Leal
Teresa Proença
Vasco Paiva

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