TikTok impede menores de 16 de enviar mensagens privadas e dá mais controlo aos pais

As mudanças entram a vigor dia 30 de Abril.

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As ferramentas foram anunciadas em Fevereiro REUTERS/DANISH SIDDIQUI

Os mais novos vão deixar de poder enviar mensagens privadas no TikTok no final de Abril. Com as crianças e jovens a passar mais tempo online, e a Unicef a alertar que estão mais vulneráveis ao perigo, a rede social chinesa decidiu restringir o envio de mensagens privadas a maiores de 16 anos e disponibilizar o “modo de segurança familiar” a nível global.

Lançado inicialmente em Fevereiro em países como Espanha e o Reino Unido, o modo inclui ferramentas para ajudar os pais a gerir o tempo que os menores passam na aplicação, as mensagens que recebem (caso tenham menos de 16 anos) e tipo de conteúdo a que têm acesso. Para o fazer, porém, os pais têm de criar uma conta no TikTok.

Como apenas três anos, a aplicação chinesa está entre as mais populares da década. O principal objectivo é pôr os utilizadores a criar um vídeo viral, com um limite de apenas alguns segundos. Os melhores são destacados na página de abertura por um algoritmo misterioso: há danças coreografadas, dicas, desafios e até vídeos de culinária e maquilhagem. 

A faixa etária que mais usa o TikTok é a dos 16 aos 24 anos, segundo dados da analista GlobalWebIndex. Mesmo assim, é fácil encontrar utilizadores mais novos e, embora a idade mínima para usar a aplicação sejam os 13 anos, é possível escapar ao controlo de idade (basta dar outra data de nascimento). Isto tem originado alguns problemas na aplicação, que no final de 2019, foi alvo de atenção negativa quando uma investigação da BBC mostrou que crianças no Reino Unido estavam a gastar a mesada em presentes digitais (comprados com dinheiro real) para oferecer aos utilizadores populares em troca de serem mencionados nos seus vídeos.

“Muitos utilizadores começam o seu percurso como criadores de conteúdo digital aos 13 anos”, reconhece Jeff Collins, director da equipa de segurança do Tik Tok, num comunicado recente sobre as mudanças, onde nota que é importante que os pais “falem com os filhos sobre as regras e código de conduta da aplicação” e leiam os guias parentais disponibilizados para evitar problemas. Inclui sugestões como proibir os mais novos de criarem canais públicos, e criarem vídeos em família. “Faz parte do nosso trabalho continuado para dar aos pais a capacidade de guiar a experiência online dos seus adolescentes”, nota Collins.

Nem sempre as medidas do TikTok para proteger os mais novos funcionam. Em Dezembro, a aplicação foi acusada de discriminação depois de admitiu reduzir o alcance do conteúdo de alguns utilizadores para evitar bullying na plataforma. Incluir a sigla LGBT+, ser estrábico, mostrar sinais de deficiência visível, cicatrizes faciais, sinais ou excesso de peso diminuía o número de utilizadores a quem os vídeos eram mostrados. Na altura, a equipa do TikTok reconheceu que apesar de a medida ser “criada com boas intenções” não tinha sido pensada “como uma solução a longo prazo” e “não era a melhor abordagem”.

O TikTok não é a primeira aplicação preocupada com o bem-estar digital dos mais novos. Em 2018, o Facebook e o Instagram anunciaram que iriam passar a dar aos utilizadores um contador com o tempo que passa nestas plataformas. Desde 2017, que o Facebook também disponibiliza uma plataforma do Messenger para crianças (criada a partir de contas dos pais na rede social), e desde Setembro de 2009 que a aplicação do YouTube dedicada aos mais novos tem site próprio.

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