Covid-19: Espanha prolonga estado de emergência no dia que supera Itália em doentes

O chefe do Governo espanhol explicou que haverá mais extensões para além de 26 de Abril. País suplantou Itália em número de infectados com o novo coronavírus, mas Pedro Sánchez diz que pico da pandemia será alcançado nos próximos dias.

Foto
Pedro Sánchez quer reactivar a actividade económica a seguir à Páscoa JuanJo Martín/EPA

A Espanha prolongou este sábado o estado de emergência por mais duas semanas, até 26 de Abril, e o chefe do Governo, Pedro Sánchez, adiantou que haverá mais extensões do período de excepção. No dia em que o país atingiu quase 128 mil infectados e 11.744 mortos, Sánchez adiantou que a partir de 13 de Abril as grandes empresas e a construção civil poderão reatar a actividade económica de forma condicionada.

O Governo espanhol, depois de consultar o seu comité científico, decidiu não renovar a proibição de funcionamento para as actividades económicas não essenciais, permitindo que as grandes indústrias e o sector da construção civil possam voltar a funcionar, embora seguindo determinadas medidas de segurança.

“Aviso que vêm mais dias em estado de emergência, mas não serão os mesmos, começaremos a fazer essa transição e recuperar algo da nossa vida económica e social”, disse Sánchez na conferência de imprensa deste sábado.

Explicando que só estendeu o estado de emergência por 15 dias porque assim dita a Constituição e para que o Executivo preste contas ao Congresso de Deputados, o chefe do Governo referiu que este é o segundo prolongamento de duas semanas e que o estado de excepção deverá vigorar pelo menos até aos 45 dias: “Logicamente, as medidas vão durar mais que 15 dias”, salientou.

Espanha já é o segundo país do mundo com mais casos de infecção pelo novo coronavírus, chegando a 124.736, superando a Itália que tem agora 124.632 doentes. Isto mesmo tendo em conta que os 7026 novos contágios das últimas 24 horas representam uma subida de 5,97%, a mais baixa de toda a semana. Os Estados Unidos são o país com mais infectados, com 290.006.

No entanto, a Itália continua a ser o país do mundo com mais mortos devido à infecção, somando, com os 681 que morreram nas últimas 24 horas, 15.362 óbitos. A Espanha chegou neste sábado aos 11.744 mortos. Enquanto nos EUA já morreram 7174 pessoas devido à pandemia.

Inversão da curva

O chefe do Governo espanhol permitiu-se um toque de optimismo no seu discurso, ao referir que os dados de evolução da pandemia no país na última semana permitem afirmar que “nos próximos dias” se irá inverter a curva dos infectados, “deixando para atrás o pico”. “Estamos perto de alcançá-lo, mas, agora, é preciso voltar a pedir sacrifício, resistência, moral de vitória”, enfatizou Sánchez. “Tomámos medidas muito duras, mas indispensáveis. Precisamos de mantê-las.”

Sánchez mostrou-se convicto de que essa inversão da curva dará tempo ao sistema de saúde espanhol para se recuperar. No entanto, pediu a todos que continuem a cumprir as regras de isolamento social e confinamento para que “os dias difíceis”, os “dias mais difíceis das nossas vidas”, que “põem à prova” a serenidade de todos, não sejam em vão.

De acordo com o relatório deste sábado do Ministério da Saúde, os 809 mortos de covid-19 das 24 horas anteriores são o valor mais baixo da última semana e depois de dois dias em que se superou em muito os 900 mortos. A subida de mortes em termos percentuais relativamente ao total é a mais baixa das últimas duas semanas, mantendo-se a tendência de diminuição que se vem registando desde 25 de Março.

O El País refere que os epidemiologistas se mostram esperançados porque o número de internamentos por causa da doença está a decrescer em grande ritmo, tendo em conta que no sábado houve mais 975 pessoas hospitalizadas com covid-19, menos de metade de qualquer outro dia. Para um termo de comparação, na quinta-feira houve mais 2524 internamentos.

Esta luz ao fundo do túnel é a que permitiu ao Governo espanhol decidir por fazer voltar a funcionar a actividade económica, reduzida desde 30 de Março às áreas consideradas essenciais. “As empresas terão que adoptar as medidas de higiene e protecção para o desenvolvimento normal da actividade produtiva, mas salvaguardando a saúde dos seus trabalhadores”, afirmou Sánchez.

Questionado sobre se isso não é um risco, se não poderá aumentar o número de contágios, o líder do Executivo espanhol respondeu que a Espanha já não é a mesma que há três semanas: “Conhecemos melhor o vírus e as políticas que vergam o vírus”. Nomeadamente, o facto de os cidadãos estarem mais consciencializados de que devem manter uma distância de segurança em relação aos outros e que é preciso lavar constantemente as mãos.

Sánchez também salientou que o Governo está a preparar a saída do estado de emergência, planificando a reconstrução da economia com a ajuda de epidemiologistas, cientistas, economistas e outros, sabendo sempre que só com grande consenso político e social se poderá por esse plano em prática.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários