Os 200m são o novo desafio de Semenya, a “sobrenatural”

Sem poder competir nas suas distâncias de eleição, a sul-africana está a tentar a qualificação olímpica no duplo hectómetro.

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LUSA/Julien de Rosa

Caster Semenya não quer deixar o seu sonho olímpico morrer. Depois de uma carreira a dominar tudo o que era corrida de 800m, a sul-africana vai tentar a qualificação para Tóquio 2020 nos 200m. O duplo hectómetro não é, de todo, a sua especialidade, mas é a sua melhor hipótese de voltar aos Jogos, ela que se recusou a submeter-se a uma terapêutica de repressão de testosterona para cumprir com os regulamentos da IAAF que entraram em vigor em Maio passado - regulamentos que a impedem de competir em provas entre os 400m e a milha.

Foi na rede social Instagram que Semenya revelou a sua decisão de se focar no sprint, ela que já tinha há poucas semanas participado numa prova de 300m. “O meu sonho sempre foi e sempre continuará a ser competir no desporto ao mais alto nível e, por isso, decidi mudar de prova, para os 200m. Não foi uma decisão fácil, mas, como sempre, vou abraçar o desafio”, escreveu a sul-africana de 29 anos, a grande dominadora dos 800m dos últimos anos, uma disciplina em que é bicampeã olímpica (2012 e 2016) e tricampeã mundial (2009, 2011 e 2017).

Até 29 de Junho, data em que fecham as listas do atletismo olímpico, Semenya tem de fazer uma prova de 200m em 22,80s ou menos para se qualificar. Para já, ainda está longe destes mínimos, mas está a melhorar o seu tempo de forma exponencial. Neste sábado, numa prova em Pretória, fez a meia-volta à pista em 23,49s (a 0,69s do mínimo olímpico), uma enorme progressão em relação ao que tinha registado como o seu melhor, 24,26s feitos em Fevereiro de 2019.

“Estamos a diminuir os tempos. Considero-me sobrenatural. Posso fazer tudo o que quiser”, disse a atleta sul-africana após ter batido por larga margem o seu recorde dos 200m. Mas Semenya, que tem ainda três meetings sul-africanos e os próprios campeonatos do seu país para tentar a marca, está consciente das diferenças do sprint para o meio-fundo curto: “Estou habituada a correr duas voltas à pista e agora tenho de correr meia volta. É preciso fazer ajustes, o que não é fácil. Mas é possível.”

Claro que uma coisa é a qualificação olímpica, outra é ser competitiva na distância e lutar por medalhas. O recorde do mundo já tem mais de três décadas e não parece estar em perigo imediato (21,34s de Florence Griffith-Joyner, feitos em 1988). E, para se ter uma noção do nível actual da disciplina, basta dizer que o mínimo olímpico nos 200m femininos seria apenas a 43.ª melhor marca de 2019.

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