Festival de Cinema de Berlim apela ao Irão para reverter prisão de Mohammad Rasoulof

Realizador venceu o Urso de Ouro do festival com o filme There Is No Evil. Está preso acusado de “propaganda contra o sistema”.

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Mohammad Rasoulof no Festival de Cannes, em 2013 Regis Duvignau/ REUTERS

O Festival de Cinema de Berlim, onde, há semanas, o realizador iraniano Mohammad Rasoulof venceu o Urso de Ouro com There Is No Evil, apelou esta segunda-feira às autoridades de Teerão para que revertam a prisão decretada ao cineasta.

“Estamos profundamente preocupados com a ordem de encarceramento para Mohammad Rasoulof. É chocante que um realizador seja punido de forma tão dura pelo seu trabalho artístico. Esperamos que as autoridades iranianas revejam o seu julgamento em breve”, dizem, em comunicado, os directores da Berlinale, Mariette Rissenbeek e Carlo Chatrian.

Mohammad Rasoulof recebeu ordens para cumprir um ano de prisão, anunciou o seu advogado na semana passada: Nasser Zarafshan disse à agência Associated Press que a sentença de prisão, da qual pretende recorrer, foi dada em relação a três filmes que as autoridades do país classificaram de “propaganda contra o sistema”. O recurso será feito também no contexto do actual surto do novo coronavírus, uma vez que as autoridades iranianas já encaminharam 54 mil presos para saídas temporárias, face aos receios de propagação da doença entre a população prisional.

Mohammad Rasoulof venceu o Urso de Ouro na Berlinale deste ano com o filme There Is No Evil, que já tem distribuição garantida em Portugal pela Leopardo Filmes. Como recordava a distribuidora portuguesa quando anunciou que o filme teria exibição nacional, “Mohammad Rasoulof não pôde estar presente em Berlim, nem para acompanhar a estreia mundial do seu filme, nem para receber este prémio, por lhe ser vedada a saída do Irão por imposição das autoridades daquele país.”

O filme é uma co-produção entre companhias do Irão, Alemanha e República Checa e conta quatro histórias que, segundo a sinopse de Berlim, oferecem “variações sobre os temas cruciais da força moral e da pena de morte, questionando até que ponto a liberdade individual pode ser expressada sob um regime despótico e as suas aparentemente inescapáveis ameaças”.

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