Identificados mais casos de mutilação genital feminina na região de Lisboa em 2019

No ano passado, foram formados para esta área 1176 profissionais no âmbito do projecto Práticas Saudáveis, desenvolvido em cinco agrupamentos de centros de saúde na Área Metropolitana de Lisboa.

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Os números fazem parte do primeiro balanço do projecto "Práticas Saudáveis — Fim à Mutilação Genital Feminina" LUÍSA FERREIRA/ARQUIVO

Profissionais de saúde da região de Lisboa registaram 129 casos de mutilação genital feminina em 2019, o dobro em relação a 2018, quando foram conhecidos 64 casos, revelou esta quinta-feira o secretário de Estado da Saúde, António Sales.

Os números fazem parte do primeiro balanço do projecto Práticas Saudáveis — Fim à Mutilação Genital Feminina, apresentado esta quinta-feira, em Lisboa, no mesmo dia em que se assinala o Dia Internacional da Tolerância Zero a esta prática.

Para o secretário de Estado da Saúde, o aumento do número de casos registados reflecte o sucesso do projecto que visa capacitar profissionais de saúde para o diagnóstico destas situações.

Em 2019, foram formados para esta área 1176 profissionais da saúde e da educação no âmbito do projecto Práticas Saudáveis, desenvolvido em cinco agrupamentos de centros de saúde na Área Metropolitana de Lisboa, nas zonas com maior população em risco (Almada-Seixal, Amadora, Arco Ribeirinho, Loures-Odivelas e Sintra).

Em declarações à agência Lusa, a secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro, que esteve também na apresentação, referiu que as 68 acções de formação realizadas mostraram que os profissionais não conseguiam, muitas vezes, diagnosticar casos de mutilação.

“Houve um maior número de registos na plataforma de dados de saúde, significa que há mais identificação e sinalização dos casos, e isso reflecte uma maior capacitação dos profissionais de saúde para identificarem aquilo que são as consequências de uma mutilação”, considerou Rosa Monteiro.

O objectivo, segundo António Sales, é alargar o projecto a mais áreas e já em 2020 vão ser incluídos mais cinco agrupamentos de centros de saúde: Cascais, Estuário do Tejo, Lisboa Central, Lisboa Ocidental e Oeiras, e Lisboa Norte.

Além dos profissionais de saúde, este projecto tem-se ocupado com a formação noutros sectores, incluindo professores e educadores para a prevenção deste crime.

Segundo a secretária de Estado da Cidadania e Igualdade, estes profissionais são essenciais na detecção precoce de situações de risco e António Sales acrescentou que a escola é o “espaço por excelência” da promoção e consciencialização para estes temas.

O projecto foi lançado em 2018 e é coordenado em parceria pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e o Alto Comissariado para as Migrações.

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