Ministro da Defesa diz que decisão de retirada das tropas portuguesas do Iraque “é soberana”

João Gomes Cravinho garantiu que portugueses estão bem e sublinhou que a base onde estão aquartelados é “algo isolada”.

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Gomes Cravinho, ministrod a Defesa Rui Gaudencio

O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, assegurou nesta quarta-feira que os militares portugueses em missão no Iraque “estão bem” e afirmou que a decisão de uma eventual retirada será soberana.

Cravinho diz esperar que existam condições para que os militares portugueses possam cumprir a sua missão no terreno, mas, se essas condições não existirem, “os militares serão retirados”.

“Temos de aguardar e esperar por mais informações. Penso que dentro de uma ou duas semanas teremos capacidades para avaliar melhor a situação”, afirmou.

O ministro disse que os militares portugueses no Iraque estão “fora de qualquer tipo de perigo”, aquartelados a mais de 200 quilómetros dos locais onde esta madrugada duas bases foram atacadas com mísseis.

“O contingente militar português no Iraque, 34 elementos, estão bem, estão todos fora de qualquer tipo de perigo, estão na base de Besmayah, que fica a 200 quilómetros e 350 quilómetros das duas bases que foram atacadas, portanto, estão muito longe do local onde ocorreram estes incidentes”, declarou o ministro João Gomes Cravinho.

O Pentágono confirmou esta quarta-feira que “mais de uma dúzia de mísseis” iranianos foram disparados contra duas bases em al-Assad e erbil, no Iraque, utilizadas pelo exército norte-americano.

Questionado pelos jornalistas à margem de uma visita à Academia de Comunicações e Informação da NATO, no Reduto Gomes Freire, em Oeiras, Gomes Cravinho sublinhou que a base onde estão aquartelados os militares portugueses, enquadrados no contingente espanhol na coligação internacional contra o Daesh é “uma base algo isolada”.

“Fica a uns 40 quilómetros de Bagdad numa região desértica e é um campo militar grande como se fosse uma espécie de campo de santa margarida [em Portugal], que não tem uma povoação próxima e tem medidas de protecção reforçadas”, disse Gomes Cravinho.

Quanto a uma eventual retirada, o ministro reiterou que “é prematuro” falar em mandar regressar as tropas, afirmando que é preciso aguardar por mais desenvolvimentos em relação às posições das autoridades iraquianas.

O ministro adiantou que está em “estreita cooperação” com os aliados e que a “esperança é que em breve haja condições para retomar” as actividades de formação às forças iraquianas.

Major transferida

Entretanto, o ministro informou que a major portuguesa que estava na missão da NATO no Iraque foi transferida para a coligação internacional de combate ao Daesh e está na base militar de Besmayah. “Na missão da NATO tínhamos uma major e, como muitos elementos da missão da NATO foram realocados para o Kuwait, a nossa major transferiu-se para a coligação internacional e neste momento não temos nenhum elemento na missão da NATO”, disse João Gomes Cravinho.

A major estava desde Dezembro passado na missão de formação da NATO, que teve início em 2018, e está presentemente na base de Besmayah, junto dos restantes elementos do 10.º contingente nacional na missão da coligação internacional de combate ao Daesh, liderada pelos EUA e que integra mais de 70 países.

Os militares actualmente integrados na coligação internacional estão afectos em exclusivo ao treino e formação das forças iraquianas, actividades entretanto suspensas após o assassínio do general iraniano Qassem Soleimani num ataque aéreo dos EUA contra o carro em que seguia, junto ao aeroporto internacional de Bagdad, que o Pentágono declarou ter sido ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos.

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