A reportagem, o relato, as memórias e a escrita deles

O livro de Alexandra Lucas Coelho funde reportagem, memórias e relato. A Bahia como ponto de chegada de um trânsito que é o da língua portuguesa entre dois continentes.

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O livro convoca um leitor disponível para ser tão erradio e vagabundo como o foi a narradora-repórter-autobiógrafa Miguel Manso

Este livro encontra-se algures numa encruzilhada onde vários géneros se intersectam. A designação, equívoca e pobre, de não-ficção, na verdade, não dá adequadamente conta da multiplicidade de interesses e motivações, de processos de linguagem e construção, de caminhos que confluem neste estranho objecto. Cinco Voltas, porventura até no longo título que ostenta, ilude a percepção e convoca, talvez, um leitor disponível para ser tão erradio e vagabundo como o foi a narradora-repórter-autobiógrafa. Porque, entre outros registos, o da autobiografia, o da reportagem e o romanesco, implicam-se e instigam-se mutuamente, e, porventura, negam-se, uns em dúvida em relação aos outros. A própria autora, a dado momento, falará de um processo que se assemelha a coligir “recortes de jornal dentro de um livro” (p.37). Alexandra Lucas Coelho referia-se, no caso, a um conjunto de crónicas que escreveu neste jornal, que Cinco Voltas vai incorporando – mas o processo poderia estender-se à generalidade do livro, uma vez que este vai “colando” os seus materiais como se simulasse o processo de reconstuição das mesmórias.

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