Só cinco clubes têm mais pontos do que na época passada

Embora se tenha extremado a diferença entre o primeiro e o último classificado, o início do campeonato está a ser pautado por um nivelamento entre a “classe média” do futebol português.

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Benfica (pela positiva) e Sp. Braga (pela negativa) são os clubes com maior oscilação pontual LUSA/TIAGO PETINGA

O campeonato ainda não chegou a meio, mas tal como aconteceu no final de 2018, o fim deste ano terá 14 das 34 jornadas da I Liga já cumpridas. Fazendo uma análise ao comportamento das equipas da principal divisão portuguesa de futebol, constata-se que esta época está a ser pautada por um maior equilíbrio, o que resulta numa menor diferença pontual na “classe média” da prova – há apenas seis pontos de diferença entre o 6.º e o 15.º classificado. Como consequência da maior repartição de pontos, apenas cinco clubes conseguem ter mais pontos do que na época passada, com Benfica (pela positiva) e Sp. Braga (pela negativa) em evidência.

A diferença entre o mais forte e o mais fraco aumentou, mas no meio do pelotão do campeonato português as distâncias estão mais curtas, o que torna mais difícil prever o que se irá passar na segunda metade da temporada na luta pelos lugares europeus e pela fuga à despromoção. Há um ano, no final da 14.ª jornada, a diferença pontual entre o 1.º (FC Porto) e o 18.º (Desp. Chaves) era de 29 pontos, enquanto entre o 6.º (Belenenses SAD) e o 15.º (Marítimo) havia um fosso de 11 pontos. Um ano volvido e concluídas as mesmas 14 rondas da I Liga, o líder (Benfica) tem já mais 33 pontos do que o último (Desp. Aves), havendo apenas seis pontos de diferença entre o 6.º (Rio Ave) e o 15.º classificado (Santa Clara).

O nivelamento da competição pode ser explicado pela subida de dois clubes que se têm destacado pela positiva (Famalicão e Gil Vicente), mas também pelo menor rendimento de equipas como o Sporting, o Portimonense, o Belenenses SAD e, principalmente, o Sp. Braga.

Benfica melhor

Comparando a pontuação nos primeiros 14 jogos da I Liga dos 15 clubes que competiram em 2018-19 e 2019-20, há cinco equipas que apresentam um saldo positivo, nove que têm as “contas no vermelho” e uma que se mantém exactamente igual: Tal como há um ano, o Rio Ave volta a ter 19 pontos.

Entre os que estão melhor, o Benfica é quem mais evoluiu. Os “encarnados” chegaram ao final de 2018 na vice-liderança do campeonato com 32 pontos – a cinco do líder FC Porto -, menos sete do que têm nesta altura. Olhando para a prestação nas restantes provas, está quase tudo igual. As “águias” voltaram a terminar a fase de grupos da Liga dos Campeões no 3.º lugar, caindo para a Liga Europa, e mantêm-se na Taça de Portugal. Pior, só na Taça da Liga, prova onde Bruno Lage optou por colocar os habituais suplentes e onde os benfiquistas empataram os três jogos na fase de grupos, falhando o apuramento para as meias-finais.

Tal como o Benfica, também o Tondela (+6), o Boavista (+5), o Marítimo (+4) e o V. Setúbal (+2) têm mais pontos do que no final de 2018. Curiosamente, deste quarteto, apenas os tondelenses mantêm o treinador com que iniciaram a temporada.

FC Porto quase igual

Embora a diferença não seja significativa, o FC Porto é um dos nove clubes que teve um decréscimo pontual. Apesar de ter mais uma vitória do que nos primeiros 14 jogos de 2018-19, os portistas perderam pontos em três jornadas (dois empates e uma derrota), conseguindo amealhar 35 pontos, menos um do que há um ano. Ainda na Taça de Portugal e na Taça da Liga, tal como no final de 2018, a grande diferença no currículo de Sérgio Conceição no balanço dos dois anos está a nível europeu: Há 365 dias os “dragões” estavam a preparar a participação nos “oitavos” da Liga dos Campeões; este ano o percurso internacional faz-se na Liga Europa.

Se os portistas têm apenas menos um ponto, o Sporting precisa dos dedos de uma mão para os contar. Há um ano, com Marcel Keizer, os “leões” estavam no 3.º lugar, com 31 pontos, a cinco do líder (FC Porto) e a um do vice-líder (Benfica). Agora, com o turbilhão de convulsões internas em Alvalade, o Sporting mantém o último lugar do pódio, mas está já a 13 do rival lisboeta e a nove dos portuenses, enquanto na Taça de Portugal já foi eliminado. No resto, tudo na mesma: os sportinguistas continuam na Liga Europa (1/16 avos) e na Taça da Liga (“meias”).

O líder indiscutível entre os clubes que mais pontos esbanjaram no campeonato é o Sp. Braga: menos 12. Com uma primeira metade da época bipolar, que oscilou entre o excelente (Liga Europa) e o bom (Taça da Liga); com o mau (Taça de Portugal) e o paupérrimo (campeonato), os bracarenses têm sido, a nível interno, a grande desilusão. Com Abel Ferreira no comando, os minhotos estavam há um ano no 4.º lugar, com 30 pontos, bem próximo do trio da frente: a seis do FC Porto, dois do Benfica e um do Sporting. Um ano depois, a distância para o líder é igual ao número de pontos somados (18) e a época quase perfeita na Liga Europa (oito vitórias e dois empates em dez jogos) não foi a bóia de salvação de Sá Pinto, que esta semana foi o décimo treinador despedido na I Liga.

Não muito longe do Sp. Braga na lista dos que perderam mais pontos, estão o Portimonense (-8) e o Belenenses SAD (-7). Seguem-se o Santa Clara (-6), o Desp. Aves (-5), o Moreirense (-5) e o V. Guimarães (-4). Curiosamente, apesar de terem menos pontos (21 contra 25), os vimaranenses repetem o 5.º lugar de 2018.

Tal como no balanço entre as épocas, num raio-x ao ano civil a equipa em destaque no campeonato é o Benfica. Os “encarnados” foram em todos os jogos da I Liga realizados em 2019 os que somaram mais pontos (94) e mais golos (109), e têm o melhor marcador (Seferovic, com 21 golos) e o jogador com mais passes decisivos (Pizzi, com 21 assistências). No entanto, no número de minutos, ninguém bate Cláudio Ramos: o guarda-redes do Tondela vai terminar o ano com 3060 minutos cumpridos no campeonato.

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