Jürgen ou Jorge, um deles será o rei do mundo

Liverpool e Flamengo defrontam-se neste sábado, em Doha, na final do Mundial de clubes.

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Ser campeão do mundo talvez não valha tanto para o Liverpool como ser campeão inglês, ou talvez valha menos para o Flamengo do que vencer a Taça Libertadores, mas é por esse estatuto, o de rei do futebol mundial, que ambos vão jogar neste sábado (17h30) em Doha, no Qatar. Liverpool contra o Flamengo, Jürgen Klopp contra Jorge Jesus, é a final mais esperada desta edição do Mundial de clubes, o campeão europeu contra o campeão sul-americano – só por quatro vezes em 16 edições é que houve finalistas de outras confederações, os africanos TP Mazembe (2010) e Raja Casablanca (2013) e os asiáticos Kashima Antlers (2016) e Al-Ain (2018).

Depois de campeão brasileiro e sul-americano, Jorge Jesus fecha o ano a lutar por mais um título, ao mesmo tempo que eleva a sua cotação internacional a níveis que nunca antes tinha atingido. E por isso, diz o técnico português, não são muitos os clubes que lhe interessam na eventualidade de não continuar no “Mengão”. “Eu abro a minha mão e tenho cinco dedos. Se não forem estes [clubes], escusam de me procurar, que eu não vou”, reforçou JJ, consciente de que os seus horizontes serão maiores com mais uma conquista do seu Flamengo em Doha: “Isso pode abrir alguma janela, não só para poderes ser classificado como melhor treinador do mundo, porque ganhas títulos importantes, como para tudo o que se possa abrir em termos de mercado de trabalho na Europa.”

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Na Europa, Jesus só treinou clubes em Portugal e, depois de sair do Sporting, avançou para um exílio dourado na Arábia Saudita que rapidamente abandonou em troco de um desafio num nos maiores clubes do mundo. Agora terá pela frente um adversário com quem já se cruzou numa das suas várias campanhas europeias – foi nos quartos-de-final da Liga Europa em 2010, em que o Benfica ganhou a primeira mão, na Luz, por 2-1, mas caiu em Anfield por 4-1. Será, no entanto, a primeira vez que Jesus se cruza com Jürgen Klopp, um treinador que o português admira à distância: “Ele é um criador daquilo que é o futebol e depois há outros que copiam. Por isso é que ele é um excelente treinador.”

Elogios e Klopp

Klopp também só tem elogios para Jesus. “Se houvesse uma eleição agora, ele seria eleito presidente do Brasil. É muito organizado, com treinos interessantes. Acompanho o que ele faz há algum tempo”, diz o técnico alemão sobre o seu colega português. Claro que, ao contrário do que acontece com o Flamengo (que fecha a época em Doha), este Mundial surge no meio da temporada europeia, uma temporada em que o Liverpool está bem lançado para voltar a ser campeão inglês 30 anos depois e quer manter a hegemonia do futebol europeu. Klopp tem reservas sobre a competição, mas quer ganhá-la: “Se me perguntarem se eu quero o Mundial de clubes a meio da nossa época, eu diria não. Mas estamos cá e, para nós, é a competição mais importante do mundo.”

Este será um reencontro entre as duas equipas, mas numa competição diferente. Em 1981, Liverpool e Flamengo encontraram-se em Tóquio para a Taça Intercontinental, com o triunfo a cair para os “rubros negros” (que jogaram de branco) por 3-0, graças a dois golos de Nunes e um de Adílio. Foi a consagração intercontinental de uma grande equipa cheia de craques, como Zico, Júnior, Mozer e outros, num ano em que tinham ganho tudo o resto (Libertadores e Brasileirão), e frente a um grande Liverpool de Kenny Dalglish e Graeme Souness.

Pelo desfecho que teve, esse jogo ficou na história do Flamengo e contribuiu para a sua explosão como o clube mais popular do Brasil, mas não passou de uma nota de rodapé para o Liverpool, que, segundo um testemunho de Mark Lawrenson, antigo defesa irlandês dessa equipa, ao jornal The Times, não levou o jogo a sério: “Fizemos uma viagem de 18 horas em económica com escala no Alasca para chegar ao Japão. Eles chegaram dez dias antes para se prepararem. E deram cabo de nós.”

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