Cartas ao director

Segurança pública, polícias e gestão

Muito se tem ultimamente dito e escrito sobre as dificuldades de vária ordem nas forças policiais. Tentando abordar o assunto por uma perspectiva que me parece que não tem sido muito salientada, recorrendo a dados do Eurostat (de 2016, os mais recentes), constata-se que o nosso rácio de polícias por 100 mil habitantes é dos mais altos da UE e está na ordem dos 450. Superior a este valor só se encontram os de Chipre, Malta, Grécia, Croácia, Letónia e Itália.

A média na UE era de 318. Todos os países da União com que gostamos de nos comparar tinham valores significativamente inferiores, por exemplo Espanha com 361 e vários abaixo de 300, países nórdicos mesmo abaixo de 200. Sendo Portugal um dos países mais seguros do mundo, como sempre é frisado, fico na dúvida se isso se deve ao facto de termos um tão elevado número de profissionais nas forças policiais. Todavia a percepção que tenho, bastando para tal andar pelas ruas e estradas do país, é que a sua presença não é especialmente notada, antes pelo contrário.

Num país tão seguro não seria natural que o rácio fosse mais consentâneo com esse facto, permitindo que os recursos se distribuíssem melhor entre meios humanos e materiais? Será que uma grande parte das nossas dificuldades se devem a um sério problema de gestão?

César Ribeiro, Lisboa

O 1.º de Dezembro

As comemorações do 1.º de Dezembro, como tem acontecido nos anos mais recentes, não passou de mais uma efeméride que o tempo vai apagando, como depois foi o 5 de Outubro, e dentro de poucos anos será o 25 de Abril. Mas uma vez que há comemoração, com paradas e festejos, embora presente, estranha-se o silêncio do nosso PR Marcelo. Será pouco importante comemorar a restauração dum país de que ele é representante máximo? Será por ser uma festa conotada com a restauração da monarquia? Uma festa que devolveu aos portugueses a sua Pátria e os seus destinos, não devia ser só lembrada mas comemorada.

Duarte Dias da Silva, Lisboa

Novo Banco 

Dá que pensar o artigo de Ricardo Cabral no PÚBLICO de ontem - “Uma proposta que nunca deveria ver a luz do dia” - sobre o negócio da venda do Novo Banco à “sanguessuga” Lone Star. Exaustiva descrição da situação actual na eminência da entrega pelo Estado (todos nós, ricos remediados ou pobres, de 2 mil milhões de euro). Os astronómicos montantes que temos doado indirectamente a todos os causadores desta negociata, todos livres e sem problemas, ultrapassa o razoável. Qual o papel dos deputados da Assembleia da República, mais preocupada com a gaguez de uma deputada ou as saias de um acompanhante?

Carlos Leal, Lisboa

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