Gene Clark e No Other: a obra-prima de um herói trágico

Em 1974, Gene Clark, o antigo vocalista dos Byrds, deu corpo à visão de uma cosmic american music, mas ninguém reparou nela. A reedição de No Other mostra-nos como estava errado o seu tempo. A visão continua deslumbrante, reveladora.

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John Dietrich From The Collection of Whin Oppice

Não era um carro qualquer, era um Ferrari. E não era um Ferrari qualquer, era o Ferrari de Steve McQueen. A estrela do cinema, a mais cool da década, vendera-o ao vocalista, de um cool diferente, mais anjo em queda que vulcão prestes a explodir, de uma das bandas mais importantes do seu tempo. Os Byrds, é dessa banda que falamos, a que juntou Bod Dylan à electricidade rock’n’roll e à pop dos Beatles para criar uma nova linguagem, já não eram de Gene Clark, mas ele, o alto vocalista que concentrava em si os olhares enquanto chocalhava a pandeireta, continuava. Em 1966, ensaiava um Gene Clark Group que teria vida breve — um par de concertos. No final de cada ensaio, metia a banda no carro e acelerava. Acelerava sem razão, com os pneus a chiarem na estrada e os penduras, aterrorizados, à espera que um carro se lhes atravessasse à frente num cruzamento — sempre era forma de acabar com aquele martírio.

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