Cartas ao director

A solução sem futuro do Aeroporto do Montijo

Ontem, o leitor M. Almeida, de Lisboa, lembrava os “problemas de ruído, mobilidade e protecção da avifauna” e dizia não haver “nada a fazer contra a teimosia deste primeiro-ministro, que parece estar de amores com os franceses da ANA”. Se fosse teimosia de A. Costa talvez se evitasse esta má solução: será um poço financeiro sem fundo (boa parte das pistas será feita sobre o sapal e o rio; e pense-se na anunciada subida do nível da água dos oceanos devido às alterações climáticas); será uma fonte de ruído para a densa população entre Coina a Alcochete − Coina, Santo António da Charneca, Lavradio, Alhos Vedros, Moita, Sarilhos Pequenos, Sarilhos Grandes, Montijo, S. Francisco e Alcochete −, pois os aviões voarão entre 250 e 180 metros (sobre o ruído já se fala em limitar os voos em Lisboa); será uma fonte de poluição para esta população (sobre os efeitos na saúde, basta ler o recente estudo da Universidade Médica de Mainz e do instituto Max Plank); será uma solução que se esgotará em poucos anos para uma infra-estrutura desta natureza.

O problema não é a teimosia de A. Costa, pois J. Sócrates teimava na Ota e vergou-se. O problema é a tendência dos decisores políticos e dos poderes fácticos da sociedade para soluções de recurso (como quem tira um coelho da cartola e salva o país) em vez de soluções de longo prazo (pensadas, planeadas, projectadas e executadas sem a pressão da necessidade). Escolhera-se há mais de 50 anos a melhor localização (Rio Frio-Faias) e não era questionada. Quando se construiu a Ponte Vasco da Gama, a infra-estrutura básica para o comboio devia ter ficado feita, para ligar ao Oriente (à semelhança do túnel da Ponte 25 de Abril, que esperou 33 anos até ser usado) e hoje não havia este problema. O aeroporto ia-se constrindo por módulos e Lisboa ia-se libertando da Portela (um sorvedouro de recursos e um martírio para a população devido ao ruído e à poluição, além do perigo de acidentes), até à sua extinção, o que dava tempo para se pensar e planear a melhor ocupação para aquele espaço valiosíssimo.

Parece que estamos amaldiçoados, condenados a buracos financeiros e soluções de recurso: veja-se a que nos levou a opção pelas auto-estradas e o abandono da ferrovia, o transporte do futuro, e compare-se com o meticuloso plano espanhol, que prossegue o seu curso independentemente dos diferentes governos, de partidos rivais.

Manuel Henrique Figueira, Palmela

Património do CDS vs PCP

Afinal, o PCP sabe fazer contas. Enquanto o CDS prepara-se para despedir funcionários e fechar sedes concelhias, o PCP respira saúde económico-financeira. A direita centrista acusa a esquerda de despesista, mas o que vemos são os comunistas cheios de dinheiro e os centristas nas lonas. O património imobiliário entregue no Tribunal Constitucional pelo PCP enche de orgulho o partido de Margarida Tengarrinha, Bento Gonçalves e Álvaro Cunhal.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

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