Presidente do Belenenses e a relação com a SAD: “É impossível fazer acordos”

Patrick Morais de Carvalho, que considerou não se vislumbrarem “vencedores, nem vencidos” no conflito com a SAD, anunciou que o clube interpôs uma acção principal em tribunal a pedir para que seja retirada a palavra “Belenenses” da denominação social da firma.

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Rui Gaudencio

O presidente do Clube de Futebol “Os Belenenses”, Patrick Morais de Carvalho, disse esta quinta-feira que a direcção estaria “disponível” para chegar a um acordo com a SAD, mas acusou a sociedade desportiva de ser “altamente litigante”.

Em assembleia geral do clube, realizada no pavilhão Acácio Rosa, Patrick Morais de Carvalho reafirmou o “enfraquecimento” da SAD em relação às acções judiciais, que correm a favor do clube. “O clube estaria totalmente disponível para fazer um acordo e o acordo só pode ser um: cada um vai à sua vida, arquivam-se os processos e a litigância toda. Estamos a lidar com pessoas altamente litigantes, com quem é impossível fazer acordos. Do ponto de vista jurídico, a posição da SAD tem sido derrotada e ficado cada vez mais enfraquecida”, notou.

Patrick Morais de Carvalho, que considerou não se vislumbrarem “vencedores, nem vencidos” no conflito com a SAD, anunciou que o clube interpôs uma acção principal em tribunal, no qual pede para que seja retirada a palavra “Belenenses” da denominação social da firma. “Temos agora a correr uma acção principal, que tem um factor novo que não estava a ser discutido na providência cautelar. A palavra Belenenses está na denominação social da firma. A tese da SAD é esta: como na denominação social da firma está a palavra Belenenses, eles entendem que podem utilizar a palavra”, explicou.

O presidente do clube da Cruz de Cristo referiu também uma acção executiva interposta à SAD, de 3000 euros diários, adiantando que o valor “já ascende a um milhão e oitocentos mil euros”, bem como uma queixa-crime contra os responsáveis da SAD “por desobediência qualificada”. “Deste lado, encontram vulnerabilidade, eles acreditam que, mais tarde ou mais cedo, os membros do clube vão cair. Do outro lado, não há eleições nem escrutínio, fazem o que querem”, criticou, referindo que chegou a altura de “expurgar toda a relação” com a SAD, com a venda anunciada dos 10% da participação social que o clube detém na sociedade desportiva.

A presidir os “azuis” do Restelo desde 2014, Patrick Morais de Carvalho assumiu que o clube não podia continuar a financiar “uma operação mercantil de uma sociedade” que, assegurou, “custava 300 e tal mil euros por ano” e confessou que a acção interposta pela SAD, a reivindicar como seus o palmarés e a história do Belenenses, “já está ultrapassada”, a favor do clube.

Patrick Morais de Carvalho, de 49 anos, criticou também as acções tomadas a cargo pelas “instâncias que superintendem o futebol português”, quando confrontado com a possibilidade de o Sporting poder vir a inscrever novamente uma equipa B directamente no segundo escalão profissional, alegando que, aos denominados três “grandes”, “tudo é permitido”. “Vivemos num país com uma débil cultura desportiva, em que as pessoas são todas de Benfica, FC Porto e Sporting. Portanto, a esses clubes tudo é permitido, inscrevem, deixam de inscrever, entram pelo sétimo andar, pelo quinto ou por onde quiserem, enquanto nós fomos obrigados a ir à última divisão distrital, ao inferno, como costumo dizer”, disse.

O relatório e contas relativo a 2018/19, que anunciou uma redução anual de 8,3% no passivo do clube (cifrando-se actualmente nos 10.631.872 euros), foi aprovado com 122 votos a favor e apenas três abstenções, numa sessão que também atribuiu ao “histórico” futebolista Vicente Lucas, por unanimidade, o galardão Cruz de Cristo de Ouro, a mais alta condecoração do Belenenses.

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