Afastado comandante que levou canhão para o golfe e deixou civil disparar

Contra-almirante João Dores Aresta substitui o major-general Carlos Perestrelo como comandante operacional da Madeira. Exército investiga contornos do caso tornado público esta semana.

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Imagem de vídeo partilhado nas redes sociais – filmado há meses, mas apenas tornado público esta semana DR

O major-general Carlos Perestrelo foi afastado do posto de comandante operacional da Madeira, na sequência do vídeo que mostra um civil a disparar um canhão do exército num torneio de golfe que se realizou na Madeira. O contra-almirante João Dores Aresta foi empossado na tarde desta quinta-feira, em Lisboa, confirmou ao PÚBLICO o porta-voz do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), Pedro Serafim. O novo comandante operacional chegará à Madeira nas próximas horas.

No vídeo partilhado nas redes sociais – filmado há meses, mas apenas tornado público esta semana – vê-se o major-general Carlos Perestrelo vestido com equipamento de golfe e acompanhado por mais três praticantes da modalidade.

Quatro militares em uniforme estão junto aos homens: um deles explica como o canhão funciona, enquanto os restantes ultimam os preparativos para que este seja disparado. Um destes militares introduz a munição de salva no dispositivo militar que se encontra fixado no topo de um pequeno monte, sempre apontado para cima. No lado esquerdo do canhão está uma patilha que deverá ser puxada para baixo, de modo a accionar o canhão. “Vai dar um pequeno estrondo, não se assuste”, alerta um dos militares, enquanto o civil se senta para utilizar a arma.

Apesar do aviso realizado pelo militar, a explosão repentina surpreende os presentes. “Fogo!”, diz o autor do vídeo, rindo-se momentos depois. Depois do disparo, o civil cumprimenta o major-general Carlos Perestrelo. Um dos militares toca o clarim enquanto os restantes permanecem em sentido. O vídeo termina com os jogadores – major-general incluído – a afastarem-se do local do canhão. 

Esta possível utilização indevida de material militar motivou o Exército a iniciar uma investigação para apurar os contornos deste caso, confirmou ao PÚBLICO a porta-voz do exército Elisabete Silva. 

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Fotografia do VI Torneio da Zona Militar da Madeira CLUBE GOLFE EXÉRCITO

De acordo com informação avançada pelo Diário de Notícias, para além do uso de artilharia, Carlos Perestrelo utilizou, num torneio de golfe privado, militares fardados sendo que também estarão a ser apuradas as circunstâncias de transporte desta peça de artilharia para o campo de golfe em questão. Ao mesmo jornal, o EMGFA negou ter tido conhecimento desta situação.

O novo comandante operacional da Madeira tem 58 anos e é natural de Aveiro. É especialista em artilharia, tendo cumprido grande parte da sua carreira militar a bordo de unidades navais. Entre Outubro de 2003 e Setembro de 2006 foi o representante português no Comando Aliado de Submarinos do Norte da Europa, fazendo parte do Gabinete de Aconselhamento Político do Comandante da Força da Nato durante uma missão de quatro meses em Cabul, no Afeganistão. O contra-almirante João Dores Aresta era, até esta quinta-feira, subchefe do Comando Conjunto para as Operações Militares, em Oeiras.

O PÚBLICO enviou um pedido de esclarecimento relativo à utilização de material militar em eventos privados ao Exército. Não obteve resposta, até ao momento.

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