Miguel Oliveira sente-se desvalorizado pela KTM

Piloto português reagiu à “ultrapassagem” pelo sul-africano Brad Binder, promovido à equipa de fábrica no próximo ano, motivando a reacção do director desportivo Mike Leitner e do “patrão” da Tech3.

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EPA/DOMINIK ANGERER

O piloto português Miguel Oliveira admitiu esta quinta-feira ter tido um “desentendimento” com a KTM por não ter sido promovido à equipa de fábrica na próxima temporada de MotoGP. À margem do Grande Prémio da Austrália de motociclismo, o piloto português declarou que respeita “a decisão”.

“Foi-me perguntado em Misano [São Marino] se estava confortável por Mikka Kallio [piloto de testes] ir para a equipa no resto do ano [quando foi anunciada a saída do francês Johann Zarco] e eu disse que, sendo para as últimas corridas da temporada e sendo o Mikka não havia problema, até porque já tinha uma boa relação com a equipa [Tech3]”, explica Oliveira.

“Mas quando a situação mudou [com a chamada do sul-africano Brad Binder, da mesma idade que Miguel Oliveira], fizeram-me sentir que talvez não fosse merecedor do lugar. Foi assim que as coisas se desenrolaram. Respeito a KTM e as suas decisões”, explicou o piloto português, em declarações reproduzidas pelo site oficial da MotoGP.

O piloto de Almada sublinha, a propósito, que não consegue entender a decisão. “Faz sentido para eles, mas só para eles [KTM]. Tenho de esperar para ver o que me reserva o futuro. Este ano era suposto termos uma mota igual à de fábrica e isso só aconteceu recentemente. Por isso, quem sabe como será no próximo ano”, questiona-se o português.

Miguel Oliveira sabe que, “estando numa equipa de fábrica, há a garantia de ter uma mota de fábrica”. “E está-se mais envolvido no desenvolvimento das peças, para além de poder testar muitas outras coisas. Tendo mais um ano de experiência em MotoGP [do que Binder], fazia mais sentido estar lá [na equipa de fábrica]. Mas para eles [KTM] não. E é nisso que discordamos”, frisou. 

A finalizar, o primeiro piloto português a chegar à categoria-rainha do motociclismo de velocidade confirmou que Mike Leitner, o director desportivo da KTM, o abordou. “Expliquei-lhe o que sentia sobre a decisão, mas não fez diferença nenhuma. Portanto, claramente já tinham uma decisão tomada e só falaram comigo para me fazerem perder tempo”.

Ao mesmo site, Mike Leitner reafirmou que a decisão de ficar na Tech3 era do piloto português. “O Miguel teve a oportunidade de vir, mas preferiu ficar na equipa actual. Sabe que lhe daremos o mesmo material que à equipa de fábrica”, sublinhou Leitner.

O francês Hervé Poncharal, dono da Tech3, garantiu que a KTM “não faria nada que prejudicasse a carreira” do piloto português, garantindo, a propósito, que a KTM “gosta do Miguel”, pelo que “seria incapaz de fazer alguma coisa para prejudicar” a carreira do piloto de Almada.

“Houve um francês que tomou uma decisão estranha e criou um efeito dominó. Decidiu-se que o Brad ia para a equipa oficial. Disse que o piloto que preferia era o [espanhol] Iker [Lecuona]. Gosto do estilo de condução dele. Somos uma equipa que está habituada a estrear pilotos mais novos”, frisou Poncharal.

Sobre a permanência de Miguel Oliveira na equipa Tech3, Hervé Poncharal garantiu que a decisão foi do próprio piloto. “Os responsáveis da KTM falaram com ele em Misano e perguntaram-lhe se estaria pronto para ir para a equipa de fábrica. Ele disse que sim, mas que se tivesse as mesmas especificações técnicas que a equipa de fábrica, preferia ficar na Tech3. É uma equipa mais familiar. Na KTM estão a cem por cento com o Miguel. Gostam dele. Não fariam nada que o prejudicasse”, reforçou.

O piloto português ocupa o 16.º lugar do Mundial de MotoGP, com 33 pontos, na época de estreia na classe rainha. O melhor resultado foi um oitavo lugar conseguido no Grande Prémio da Áustria.

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