Cartas ao director

Uma multidão para nos governar

Um gabinete com 19 ministros e 51 ajudantes é obra mas o nosso Santo António da Politica, sempre com um sorriso nos lábios, lá saberá das suas razões. Vejo muita juventude e não sei se esses jovens conhecem bem o país que temos e os enormes desafios que o futuro nos reserva num mundo preocupante.

Como será a Saúde, sem médicos jovens, os Transportes, com meios degradados e lentos, a Justiça, com códigos permissivos, a Segurança Social, sem futuro para os mais novos, ou a Defesa, com praças com ordenados de miséria e em notória escassez de quadros? Enfim, a família socialista instalada para nos governar com as habituais guinadas, ora a esquerda ora à direita.

Manuel Alves, Lisboa

Ensino superior: avanço ou retrocesso?
Três semanas após as eleições legislativas portuguesas, ainda existem algumas dúvidas no ar. Talvez não existam em todas as cabeças, mas principalmente naquelas que um dia estarão à frente do nosso país. De uma geração que um dia deixará as filas de trás e passará a pôr em prática o que aprendeu, mas desta vez, nas filas da frente. Nem tudo parece ter mudado nestas eleições. O Ministério da Educação manteve-se igual, e por essa razão, todas as questões que lhe são inerentes. É o caso do ensino superior. António Costa afirmou que em 2030 gostaria de ter 60% dos jovens com 20 anos de idade a frequentá-lo. Porém, deixou o assunto em aberto. Há quem oiça falar em diminuir ou abolir as propinas. Há quem pense que o melhor seja aumentar as bolsas mínimas. Por outro lado, há quem ache que o problema pode ser solucionado através de medidas que apoiem os jovens que optem por universidades do interior. Mas a questão que se coloca é, que medidas serão tomadas, efectivamente, para que isso seja concretizado?
Hoje em dia, torna-se cada vez mais importante ouvir os jovens, ouvir aquilo que lhes faz colocar de parte a ideia de ir para o ensino superior. Perceber quais as suas expectativas, os receios e as dificuldades que os atormentam. Muitos são os jovens que escolhem cursos só por escolher, só para terem um diploma, no fundo só para terem alguma garantia que terão emprego mais tarde. E quantos deles acabam por desistir? Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), 12% dos alunos que entram numa licenciatura abandonam o curso antes do início do segundo ano. Não podemos procurar ter mais alunos nas universidades se não percebermos o que pensa esta nova geração e de que formas podemos motivá-la a não desistir dos estudos.
O ponto de partida deveria ser conhecer o ensino superior em Portugal e compará-lo com outras realidades, de modo a perceber de que forma este poderia ser mais eficaz, e a partir daí, o seu principal público. Os jovens. Só depois conseguiremos perceber que medidas são realmente necessárias.
Miriam Alegre, Lisboa

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