O dia em que Marcelo transformou Belém na casa das barbies

É sempre bom que o Presidente da República portuguesa debata ideias com os mais variados grupos sociais, sejam influencers, os forcados da Moita ou o grupo do bigode.

Sua excelência o Presidente da República portuguesa chamou um grupo de 40 “personalidades” que se apelidam de influencers para, segundo dizem as ditas, “debaterem ideias”. A coisa não era para se saber, já que o chefe de Estado não tornou público o encontro. Mas claro que se soube, porque esperar que esta gente que vive à custa de se vender nas redes sociais não o revelasse era como colocar um balde de peixe junto a grupo de focas famintas e esperar que elas não o comessem.

É sempre bom que o Presidente da República portuguesa debata ideias com os mais variados grupos sociais, sejam influencers, os forcados da Moita ou o grupo do bigode. Segundo relata o Expresso, as ideias em debate foram sobre moda, crianças, humor e novelas. O efeito, ainda segundo o jornal, “foi bombástico” e “em poucas horas” o evento da agenda secreta do chefe de Estado era revelado em “selfies que invadiram as redes”. Uma coisa viral, como esta gente gosta de dizer.

Mais: ficamos também a saber que o encontro durou quatro horas e que, apesar de se realizar após o almoço, algumas influencers disseram ao Presidente ter fome e este mandou servir sanduíches e pastéis de Belém. E, ao que parece, o Presidente gostou tanto do encontro que prometeu repeti-lo “lá para meados do mês que vem”.

Já hoje, o chefe de Estado da República portuguesa publicou uma nota no site da Presidência, a propósito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, lembrando que existem dois milhões de pobres em Portugal.

Senhor Presidente, se quer que o levem a sério em algumas das coisas que diz, não pode transformar o cargo para que os portugueses o elegeram numa pândega ridícula nem o nobre palácio que o alberga numa espécie de casa das barbies ou em gaiola das malucas.

Não senhor Presidente, não vale tudo para ganhar afectos e uma farta maioria de votos na eleição presidencial de Janeiro de 2021.

Sugerir correcção
Ler 19 comentários