CDS-PP: manhã ao ataque e encontro estragado à tarde

Assunção Cristas não poupou Ferro Rodrigues por não convocar comissão permanente sobre Tancos nesta semana.

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CDS passou pela Rua de Sá da Bandeira, no Porto José Coelho/Lusa

Assunção Cristas tem usado todos os dias da campanha oficial do CDS para falar no caso de Tancos. Sempre a malhar. No PS, no Governo, especialmente em António Costa e nos “partidos da esquerda”. O presidente da Assembleia da República também já tinha levado várias “caneladas” da centrista ao longo da legislatura. Ontem, a propósito das decisões tomadas na conferência de líderes parlamentares, a presidente do CDS “esticou a corda” além do que se podia imaginar.

Uma deputada e presidente de um partido afirmar que Ferro Rodrigues não coloca “em primeiro lugar, como o seu lugar na hierarquia do Estado exige (…), a protecção da instituição democrática que é o Parlamento” é grave, mas não surpreende.
O CDS diz que o caso Tancos é uma das suas bandeiras e que fala dele porque vai contra tudo o que são os valores do partido, nomeadamente “a defesa das instituições democráticas”. Mas não é menos verdade que Cristas vê o tema como um trunfo eleitoral e colocou nele uma boa parte das suas fichas desta jornada eleitoral. Daí valer quase tudo. Domingo se verá se a estratégia resultou. 

A tarde é que não correu particular bem a Cristas. A arruada marcada para a Rua de Santa Catarina, no Porto, era para começar às 17h e só arrancou às 18h. A líder do CDS recebeu apoios, mas também muitos e ruidosos protestos.

Mas a confusão maior aconteceu antes do passeio. Às 15h45, o CDS partilhou no Whatsapp oficial do partido, com todos os jornalistas que acompanham a caravana, a seguinte informação: “Hoje, 21h – Casa da Música, no Porto. Assunção Cristas e Rui Moreira assistem ao espectáculo – Elas e o Jazz.”

O gesto — vindo de um autarca que estabeleceu uma coligação pré-eleitoral com o CDS na Câmara do Porto — tinha um significado político e o PÚBLICO noticiou: “Rui Moreira apoia CDS.”

“É falso. Nunca apoiei o CDS e não vou apoiar o CDS. Aliás, não vou logo à Casa da Música. Não fui consultado sobre esta notícia”, escreveu o presidente da Câmara do Porto pouco depois no Facebook do PÚBLICO, onde fez publicar um texto a título de direito de resposta, no qual sublinha não ter sido ouvido pelo jornal e reitera que, “por razões pessoais”, decidiu não ir ao espectáculo na Casa da Música.

Assunção Cristas foi questionada sobre este facto e apenas respondeu que ia ao espectáculo. Às 19h23 surgia a seguinte informação no Whatsapp oficial do CDS: “Assunção vai na mesma à Casa da Música mas com a companhia do marido, a Cecília Meireles e algumas pessoas da campanha do Porto. Não vai haver declarações aos jornalistas.”
Nem era preciso, o encontro já tinha sido estrado. 

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