O interminável carrossel de treinadores na primeira despromoção do Belenenses

Ao longo da história foram sete as presenças dos “azuis” no segundo escalão. A primeira descida surgiu no fim da época 1981-82.

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Há poucos momentos tão dramáticos no desporto de alta competição como uma descida de divisão. Especialmente se o clube em causa estiver habituado à alta roda e apresentar um palmarés de respeito. Era o caso do Belenenses no arranque da década de 1980, período em que exibia no currículo um título nacional e duas Taças de Portugal (a terceira chegaria em 1989). Por isso, quando a equipa terminou a temporada 1981-82 no penúltimo lugar, com os mesmos 20 pontos do último classificado, o choque foi tremendo

Em bom rigor, os adeptos mais atentos já estariam a preparar-se para o pior, ou não tivesse a época sido tremendamente atribulada. A equipa, que tinha no plantel figuras como o guarda-redes Padrão, o defesa Sambinha ou o avançado Djão, conheceu nessa temporada nada menos do que... nove treinadores. A saber: Artur Jorge (até à 9.ª jornada), Nelo Vingada (10.ª), Pedro Gomes (até à 16.ª), de novo Nelo Vingada e Carlos Pereira (até à 18.ª), Rodrigues Dias (até à 21.ª), Manuel Castro e António Dominguez (até à 23.ª), Júlio Amador (até à 28.ª), por último, e Vicente Lucas.

Foram apenas cinco vitórias (e 15 derrotas) em 30 jogos, num percurso que incluiu desaires diante do Penafiel, Sp. Espinho e Ac. Viseu, para além de uma goleada sofrida frente ao Portimonense (5-1). Contas feitas, pela primeira vez na história o Belenenses baixava de escalão.

Foi a primeira de sete presenças na II divisão. A segunda aconteceu na época seguinte, antes do regresso à elite em 1984-85, e a terceira no início dos anos 1990, depois de, em 1991, ter fechado o campeonato no penúltimo posto, só adiante do Nacional. Mesmo com jogadores do calibre do guarda-redes búlgaro Mihaylov, dos defesas Teixeira e José António, dos médios Juanico e Macaé, ou dos avançados Chiquinho Conde e Saavedra (até Chalana, no ocaso da carreira, integrou o elenco), não foi possível evitar a descida. E António Lopes, Moisés Andrade e o belga Henri Depreux bem o tentaram a partir do banco.

Seguiram-se desilusões em 1997-98 (último lugar, com a antiga estrela Mladenov e Manuel Cajuda a envergarem a braçadeira de treinador) e 2009-10 (com o eterno médio Zé Pedro e o avançado brasileiro Lima, que brilharia mais tarde no Benfica, a bordo). Essa queda revelou-se a mais difícil de reverter, já que foram necessárias três temporadas no escalão inferior para consumar um novo regresso. Foi uma caminhada longa (42 jogos, 30 vitórias), com o holandês Mitchel Van der Gaag ao leme, que valeu ao Belenenses o segundo título de campeão da II Liga. 

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