No campeonato dos pequenos, também há vencedores e vencidos

Entre os partidos mais pequenos, que foram este domingo a votos na Madeira, nas eleições legislativas regionais, também há vencedores e vencidos.

Foto
Na Madeira, o RIR teve mais votos do que a Aliança LUSA/OCTAVIO PASSOS

Nas regionais da Madeira, o RIR (Reagir, Incluir e Reciclar), fundado por Vitorino Silva (Tino de Rans) no início deste ano, teve mais do dobro dos votos da Aliança de Pedro Santana Lopes. A Iniciativa Liberal, que apostou numa campanha com cartazes irreverentes (a exemplo da linha nacional), ficou atrás do PURP e um pouco acima do Chega. Entre os partidos mais pequenos, também houve surpresas na noite eleitoral madeirense.

Num universo eleitoral pequeno, onde cabem pouco mais de 257 mil eleitores – Lisboa tem quase dois milhões e o Porto um milhão e meio –, existe grande proximidade entre eleitores e candidatos. É por isso natural, que, como acontece muito em autárquicas, as pessoas votem em quem conhecem, mais do que na bandeira partidária que trazem. Esta lógica ajuda a explicar a votação do RIR.

Roberto Vieira, o cabeça de lista do partido que quer “reclicar a democracia”, é um velho conhecido da política madeirense. Começou no PS, migrou para o MPT, que no arquipélago teve origem numa facção dissidente do PS, e foi candidato pela coligação Nova Mudança, nas últimas autárquicas, no Funchal. Integra, por via de um acordo com o PSD, a mesa da Assembleia Municipal do Funchal. A meio do ano, trocou o MPT pelo RIR. Agora, tem uma meia vitória (ou uma meia derrota). O objectivo passava por eleger um deputado, mas os 1.739 votos conseguidos ficaram longe dos 2.577 com que a CDU conseguiu, à justa, um mandato no parlamento madeirense. Mesmo assim, mostrou que talvez ainda possa ser relevante, num futuro.

Melhor, mas ficando também aquém do que se propôs, esteve o PURP. O Partido Unido dos Reformados e Pensionistas assentou a narrativa eleitoral nas redes sociais, num discurso bastante crítico (não raras vezes populista) contra os problemas do sistema regional de Saúde. O candidato, Rafael Macedo, era até há bem pouco tempo responsável pelo Serviço de Medicina Nuclear do Hospital do Funchal. Afastado, depois de um rol de surreais acusações ao governo e aos colegas de serviço, conseguiu convencer 1.766 eleitores (1,23%) de que tinha a solução para listas de espera, para o cancro e demais problemas da saúde regional. Esperava ser eleito, mas não foi.

O PAN foi, entre este grupo, um dos (grandes) derrotados. João Freitas, o cabeça de lista, pagou por uma campanha praticamente inexistente em que parece ter confiado mais no nome do partido e das causas que ele defende, do que em se mostrar ao eleitorado. Ficou logo atrás do Bloco de Esquerda com 1,46% (2.095 votos).

Derrotado também foi o PTP. O partido que acolheu José Manuel Coelho chegou a eleger três deputados (2011) e um parlamentar (2015), e desaparece agora da geografia do parlamento madeirense. A concentração de votos anti-PSD no PS penalizou fortemente Raquel Coelho. A filha do polémico deputado concorreu a estas eleições ao lado de Gil Canha, outro anti-sistema que na última legislatura foi eleito pelo PND e depois passou a independente, e perdeu o lugar na Assembleia da Madeira.

Resultados aquém para a Aliança e para a Iniciativa Liberal (IL). Joaquim Sousa, antigo director de uma escola rural da Madeira, que chegou a ser premiada como a melhor pública do país nos exames nacionais, foi o rosto da Aliança. Sem experiência eleitoral, sem bases e, diga-se, com um discurso curto, ficou longe de ser uma surpresa eleitoral. O mesmo para o IL, que teve em Nuno Morna o candidato.

Figura conhecida do meio cultural madeirense – é actor e promotor de espectáculos – Morna, saiu da noite eleitoral como vencido. Apresentou propostas, muitas. Apontou caminhos e indicou soluções, mas as eleições deste ano, bastante polarizadas, não estavam para experiências.

Sugerir correcção
Comentar