FC Porto entra na Liga Europa como favorito e Sporting à procura de o ser

O Young Boys chega ao Estádio do Dragão depois de uma vitória por 11-2, enquanto o PSV recebe o Sporting com uma jovem estrela em ascensão.

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FC Porto no treino pré-Young Boys LUSA/JOSE COELHO

O FC Porto e o Sporting entram em competição na Liga Europa, nesta quinta-feira, com os “dragões” a serem favoritos no embate com o Young Boys, de Saidy Janko, jovem lateral que pertence aos quadros do clube e que merecerá, por certo, atenção particular de Sérgio Conceição. Já os “leões” viajam até Eindhoven, para defrontar o PSV, a equipa teoricamente mais forte do grupo e representante de um país que, tradicionalmente, agrada em Alvalade.

A história diz que, em matéria de jogadores, a Holanda é o terceiro país mais representado na história do clube (10 jogadores), apenas superado pelos tradicionais mercados brasileiro (104 jogadores) e argentino (24). Stan Valckx, no passado, ou Bas Dost e Wolfswinkel, mais recentemente, são exemplos de “bons ventos” holandeses, mas Douglas, Castaignos ou Boulahrouz mostram que nem sempre a aposta tem sido certeira. Isto sem contar com a recente passagem de Marcel Keizer pelo comando técnico do clube.

Mas qualquer destes jogos significa mais do que uma plataforma de observação de talento, já que a Liga Europa é, por excelência, uma competição que agrada aos “grandes” portugueses. Não há, portanto, motivo para facilitar, nomeadamente no caso do Sporting, que defronta aquele que é, em tese, o principal rival no grupo D.

Sporting tem o novo craque “surinamês” pela frente

No Phillips Stadium mora um PSV que conta com um mal-amado em Alvalade: Bruma. O extremo português recusou o FC Porto, neste Verão, optando por se fixar em Eindhoven. Neste primeiro jogo deverá livrar-se dos assobios dos adeptos “leoninos”, mas, em Novembro, quando visitar Lisboa, não deverá ter a mesma sorte.

A equipa holandesa, treinada pelo histórico Mark van Bommel, perdeu cerca de metade do seu poder ofensivo. Hirving Lozano e Luuk de Jong, vendidos ao Nápoles e ao Sevilha, marcaram, em conjunto, 53 golos, equivalentes a 46% do total do PSV em 2018/19. A equipa perdeu, ainda, o lateral esquerdo titular, Angeliño (regressou ao Manchester City).

Os reforços parecem ter sido contratados numa lógica de substituição directa  Bruma é o “novo Lozano”, para actuar pela direita, e o ex-Benfica Mitroglou é o “novo de Jong”, com características semelhantes ao holandês , mas a grande novidade é um “menino” chamado Donyell Malen.

O avançado holandês aproveitou a saída de Luuk de Jong para se afirmar como referência ofensiva – já leva nove golos em 11 jogos – e, aos 20 anos, tornou-se internacional holandês, já em Setembro, e logo com um golo frente à Alemanha, na estreia.

Malen, já sob a alçada do agente Mino Raiola, é mais um descendente de surinameses, seguindo as pisadas de outros holandeses com raízes no antigo território ultramarino holandês: Gullit, Rijkaard, Kluivert, Davids, Seedorf, Hasselbaink, Van Dijk, Drenthe, Reiziger, Wijnaldum ou Aaron Winter. A “descendência” parece estar assegurada e o maior perigo, para o Sporting, mais do que identificado.

FC Porto recebe o autor de um 11-2

Para o FC Porto, o desafio promete não ser tão espinhoso. O Young Boys não faz parte da elite europeia, nem de uma segunda linha, ainda que tenha um registo europeu consistente, com presenças sucessivas nas fases de grupos da Liga dos Campeões e Liga Europa.

Além do portista Saidy Janko, esta equipa conta com o ex-Benfica Sulejmani e com dois avançados de respeito: Nsamé, camaronês, potente e forte fisicamente, e Hoarau, francês, igualmente forte, mas mais fixo. Entre os dois, foram os “abonos de família” do Young Boys na última Liga suíça – Hoarau, com 24 golos, e Nsamé, com 15, foram os dois melhores marcadores do campeonato.

O poder ofensivo assusta? Há razões para isso. O Young Boys chega ao Estádio do Dragão depois de uma vitória não por um, não por dois, não por três e não por oito, mas sim por nove golos. O 11-2 aplicado ao Freienbach, na Taça da Suíça, não deve ser tido como barómetro para o jogo no Dragão, mas é, no mínimo, um sinal de alerta.

Por fim, uma curiosidade: o Young Boys motiva sempre algum interesse pelo nome sui generis. Este velho clube suíço, já com mais de 120 anos, começou por ser uma resposta a um rival. Em Basileia, moravam os Old Boys [rapazes velhos] e, em Berna, quatro jovens decidiram juntar os Young Boys [rapazes novos].

Agora, o Old Boys pouco mais é do que um pequeno clube de Basileia, sem expressão futebolística, enquanto o Young Boys é o actual campeão suíço. São as voltas do futebol.

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