Cartas ao director

Assim vai o interior

Longe vão os tempos em que os habitantes do interior de Portugal trabalhavam no campo do nascer ao pôr do sol, ganhando míseros salários, e cuja sobrevivência dependia da agricultura e da pecuária. Mas, com o avançar do sistema agrícola em plena democracia, surgiram novas culturas que influenciaram a sua paisagem, fomentou-se o turismo rural, melhoraram-se as acessibilidades, o comércio e a habitação evoluíram (…). Porém, neste contexto de progresso, não têm cabimento o encerramento de algumas instituições sociais, a carência de trabalho bem como as deficiências de funcionamento em centros de saúde e nas respectivas unidades hospitalares proveniente da falta de recursos materiais e humanos. Circunstâncias constrangedoras e inadmissíveis que são abrangentes a todo o interior. Como tal, a título exemplificativo, permitam-me aludir aos resultados da primeira fase do concurso para colocação de médicos recém-especialistas no Alentejo onde das 129 vagas apenas 20 foram preenchidas. E isso, na minha perspectiva, é esclarecedor da indiferença negligente das entidades governamentais e onde acrescem atitudes inconsequentes que impulsionaram outrora as enormes discrepâncias entre interior e litoral. É que, acima de tudo, não podemos permitir que estratégias erráticas comprometam a vida humana e a evolução do nosso país. Enfim, aguardando por melhores dias, assim vai o interior.

Manuel Vargas, Aljustrel

O BE virou social-democrata?

Francisco Assis, num artigo de opinião no PÚBLICO de quinta-feira,  tece  um sem-número de consideraçãões para concluir, com aplauso, o facto de Catarina Martins, do BE,  se ter proclamado “social-democrata”. A mim não me espanta nada, nem me dá nenhuma novidade.

Se voltarmos atrás, desde o começo desta legislatura de António Costa, com a anuência programática do BE e do PCP, verificamos que a chamada “geringonça” portou-se sempre como o conjunto de três partidos sociais-democratas. António Costa, para poder governar e o seu programa ser aceite pela CE, resolveu renunciar ao seu programa identitário que era socialista no programa que mostrou aos seus eleitores e adoptar o programa social-democrata do PSD, deixando este partido sem causas para apresentar e defender. Até António Costa, o PS tinha, como matriz identitária a distribuição e não a produção de riqueza. Por isso, os vários governos socialistas nos deixaram na penúria e até quase nos levaram à bancarrota e à intervenção do troika.

É evidente que tudo isso se deve à escolha e influência do ministro das Finanças que até ultrapassou o PSD na forretice que levou a que os portugueses fossem sacrificados com impostos brutais, sobretudo indirectos, que toca a todos, pobres e ricos, nunca antes lançados por nenhum governo.

Este volte-face do BE é só para poder ser chamado a um novo governo e uma medida eleitoralista para tirar votos não ao PS, mas ao PSD.

Artur Gonçalves, Sintra

Sugerir correcção
Comentar