Brevemente no Festival de Veneza: o caso do júri refém

J’Accuse, de Roman Polanski, é, destacadamente, o filme mais cotado nas listas dos críticos e jornalistas que acompanharam esta edição. E agora, Lucrecia Martel?

Foto
La Mafia non è piu quella di una volta, continua a investigação de Franco Maresco em torno de um “local do crime”: Palermo, Sicília DR

E agora aguardamos em suspenso por um júri que está refém. Não se trata apenas de saber quais os filmes que este sábado serão premiados no Festival de Veneza por Lucrecia Martel, Paolo Virzì, Tsukamoto Shinya, Mary Harron (realizadores), Piers Handling (historiador e crítico), Rodrigo Prieto (director de fotografia) e Stacy Martin (actriz). O que se quer saber é se o filme mais cotado nas listas de críticos e jornalistas, isolado a grande distância como o melhor do concurso, J’Accuse, de Roman Polanski, vai entrar no palmarés da 76.ª edição. O que se quer saber é se as declarações feitas pela presidente Martel, achando que podia e devia verbalizar o seu incómodo pela circunstância de um cineasta condenado pela violação de uma menor estar em competição (concordando, embora, que Polanski tinha esse direito), fizeram com que J’Accuse deixasse de ser apenas um filme. Qualquer que seja a decisão, nunca será recebida apenas como um simples juízo sobre um filme. Algo se danificou, portanto.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

E agora aguardamos em suspenso por um júri que está refém. Não se trata apenas de saber quais os filmes que este sábado serão premiados no Festival de Veneza por Lucrecia Martel, Paolo Virzì, Tsukamoto Shinya, Mary Harron (realizadores), Piers Handling (historiador e crítico), Rodrigo Prieto (director de fotografia) e Stacy Martin (actriz). O que se quer saber é se o filme mais cotado nas listas de críticos e jornalistas, isolado a grande distância como o melhor do concurso, J’Accuse, de Roman Polanski, vai entrar no palmarés da 76.ª edição. O que se quer saber é se as declarações feitas pela presidente Martel, achando que podia e devia verbalizar o seu incómodo pela circunstância de um cineasta condenado pela violação de uma menor estar em competição (concordando, embora, que Polanski tinha esse direito), fizeram com que J’Accuse deixasse de ser apenas um filme. Qualquer que seja a decisão, nunca será recebida apenas como um simples juízo sobre um filme. Algo se danificou, portanto.