Manifestações por todo o Reino Unido contra a suspensão do Parlamento

Em mais de 30 cidades britânicas estão previstas manifestações contra a decisão do primeiro-ministro Boris Johnson de suspender o Parlamento. O Partido Trabalhista participa e incentiva os cidadãos a irem para a rua protestar — para “travar o golpe”.

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Milhares de pessoas já saíram à rua em mais de três dezenas de cidades britânicas, incluindo Londres, Manchester, Leeds, York e Belfast, para protestar contra a suspensão do Parlamento entre 10 de Setembro e 14 de Outubro, o período em que os deputados deveriam estar a discutir a saída do Reino Unido da União Europeia. Pedem que seja “travado o golpe”. 

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Milhares de pessoas já saíram à rua em mais de três dezenas de cidades britânicas, incluindo Londres, Manchester, Leeds, York e Belfast, para protestar contra a suspensão do Parlamento entre 10 de Setembro e 14 de Outubro, o período em que os deputados deveriam estar a discutir a saída do Reino Unido da União Europeia. Pedem que seja “travado o golpe”. 

A zona de Whitehall, em Londres, está completamente parada, relata a BBC. Os manifestantes gritam “Boris, devias ter vergonha”, referindo-se ao primeiro-ministro Boris Johnson. Mas há também um pequeno grupo de apoiantes do primeiro-ministro e do “Brexit” em Westminster – esta é a zona da cidade em que fica a residência oficial do primeiro-ministro e o Parlamento.

Jeremy Corbyn, o líder do Partido Trabalhista, apoiou pessoalmente estes protestos – que foram convocados pelo Momentum, movimento que apoiou a sua eleição para a liderança do partido que lidera a oposição. “A indignação pública com Boris Johnson por ter encerrado o processo democrático tem sido ensurdecedora. As pessoas têm razão por vir para a rua – e encorajo toda a gente a juntar-se aos protestos em Londres e em todo o país”, escreveu Corbyn no Twitter. Corbyn participará nas manifestações na Escócia, onde está a meio de uma visita de vários dias.

Vários trabalhistas que integram o “governo sombra” trabalhista vão discursar nas manifestações, e estão a apelar à participação popular. John McDonell, o ministro das Finanças “sombra”, apelou a que os deputados trabalhistas participassem nos protestos em todo o país. “Pensem nas pessoas que representam, cujos empregos serão postos em risco com uma saída da UE sem acordo”, apelou, citado pela televisão Sky News.

O Momentum está a apelar aos seus membros para que “ocupem pontes e bloqueiem estradas”, para além de marcharem nas ruas, diz a Sky News. 

Há também protestos planeados para Berlim, Amesterdão e Riga, a capital da Letónia, diz BBC.

O processo de suspensão do Parlamento, para passar de uma sessão legislativa para outra, é um procedimento burocrático normal. O que é controverso é o momento escolhido – sendo 31 de Outubro a data-limite para a saída do Reino Unido da UE – e o período excepcionalmente longo da suspensão, 23 dias úteis.

Um tribunal da Escócia recusou esta sexta-feira um pedido, com carácter de urgência, para travar a suspensão do Parlamento do Reino Unido, anunciada na quarta-feira pelo primeiro-ministro britânico. Mas esta não é a decisão final neste caso, na próxima semana é que o tribunal de Edimburgo deverá emitir uma decisão definitiva sobre a suspensão do Parlamento.

Há ainda outros dois processos em curso em tribunais da Irlanda do Norte e de Inglaterra. A acção na Irlanda do Norte foi intentada por Raymond McCord, um activista pelos direitos das vítimas da violência no território, cujo filho foi morto pela Força Voluntária do Ulster (milícia unionista), em 1997. Em causa está a questão da fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda. Se não houver um acordo com a UE até 31 de Outubro, isso levará ao regresso das barreiras físicas entre os dois territórios, já que a Irlanda do Norte sairá da UE enquanto a República da Irlanda permanecerá no mercado comum.

Na quarta-feira, a conhecida activista anti-“Brexit” Gina Miller pediu ao tribunal que trave a ordem de Johnson, não por considerar que a suspensão do Parlamento seja ilegal, mas por entender que é ilegal tomar essa decisão nesta fase do processo do “Brexit”. Sexta-feira, o antigo primeiro-ministro John Major, do Partido Conservador – e opositor do “Brexit” –, anunciou que vai juntar-se a esta iniciativa para travar a decisão de Boris Johnson.